“Tenho um preço”: como aliados reagiram à fala de Flávio Bolsonaro

Atualizado em 8 de dezembro de 2025 às 14:32
O senador e pré-candidato à Presidência Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Evaristo Sá/AFP

A fala do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que “tem um preço” para desistir da sua candidatura à presidência em 2026 foi considerada desastrosa por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com pessoas próximas, a fala expôs a falta de estratégia do clã e gerou desconfiança entre as lideranças de centro-direita.

Na sexta (5), Flávio se apresentou como o escolhido de seu pai para disputar a presidência, o que gerou reações no mercado financeiro, como a alta do dólar, e afastou possíveis apoios dentro de seu próprio campo político.

A fala de Flávio no domingo (7), de que poderia desistir da candidatura, mas que “tem um preço para isso”, provocou críticas internas. Para muitos, a declaração deixou claro que a família Bolsonaro estaria disposta a negociar apoio político em 2026 em troca de benefícios pessoais, como a anistia para Jair Bolsonaro, que está preso após condenações por sua tentativa de golpe de Estado.

Segundo o blog da Andréia Sadi no g1, aliados de Bolsonaro acreditam que esse tipo de exposição pública do “preço” para a política é vista como prejudicial, pois diminui a imagem da família e afasta aliados. Internamente, a tentativa de Flávio de assumir a candidatura à presidência foi interpretada como uma jogada para agradar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O movimento seria uma tentativa de manter uma conexão com o governo americano e evitar que Trump retire as sanções impostas ao Brasil, especialmente ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e outras autoridades brasileiras, em resposta ao julgamento do golpe. Para muitos, isso revela uma estratégia mal planejada que não levou em conta as realidades políticas do Brasil.

Flávio e Jair Bolsonaro. Foto: AP Photo/Eraldo Peres

A aproximação de Trump com o PT, e a percepção de que a família não tem mais chances de salvar o ex-presidente da condenação do STF, pioraram a situação. O plano da família, com Bolsonaro preso, seria lançar Flávio como uma figura que ainda representasse a continuidade da dinastia Bolsonaro.

Essa tentativa de se aproximar de Trump, no entanto, falhou em se conectar com a política brasileira, onde a centro-direita não apoia o projeto de Flávio. Com a falta de apoio do grupo e a recusa em apoiar a candidatura de Flávio, o foco agora se volta para a construção de um nome alternativo para disputar a presidência em 2026.

As lideranças do setor estão se mobilizando para acelerar a criação de uma candidatura mais viável e pragmática, em contraste com a tentativa de Flávio de assumir a frente da disputa presidencial.

Esse movimento também reflete a crescente insatisfação com a postura da família Bolsonaro, que parece estar mais preocupada em manter o poder familiar do que em construir um projeto político sólido e viável para o Brasil.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.