Figurantes do filme de Bolsonaro vão à Justiça por condições “humilhantes”

Atualizado em 10 de dezembro de 2025 às 13:41
O ator Jim Caviezel como Jair Bolsonaro no filme “Dark Horse”. Foto: Reprodução

Pelo menos 14 figurantes que participaram das gravações de “Dark Horse”, a cinebiografia do ex-presidente Jair Bolsonaro, estão se mobilizando para processar os produtores do filme. Os profissionais alegam ter sido submetidos a condições de trabalho inadequadas e “humilhantes”, incluindo agressões, proibição de usar celulares, restrições no uso do banheiro e uma surpresa com o tema do filme.

Segundo o jornal O Globo, alguns profissionais, que preferem não se identificar por medo de retaliação, afirmam os figurantes estão revoltados com o tratamento que receberam no set. O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo (Sated-SP) confirmou a recepção de diversas denúncias sobre as condições no set de “Dark Horse”.

As denúncias incluem agressões verbais e físicas, atrasos no pagamento e a oferta de alimentos de baixa qualidade, incluindo comida estragada. O sindicato enviou delegados sindicais ao set para conversar com a produção sobre as queixas e tentar garantir os direitos dos profissionais.

Entre as queixas mais comuns, figurantes citam o rigoroso controle sobre seus celulares. Os dispositivos foram coletados e guardados por seguranças, sendo acessados somente sob autorização. O uso do banheiro era severamente controlado e os profissionais precisavam esperar a formação de um “comboio” para serem liberados para ir ao banheiro.

Outras reclamações incluem a qualidade das refeições, que foram consideradas abaixo do padrão para produções cinematográficas. Em vez de um café da manhã adequado, os figurantes receberam apenas um “kit lanche”.

O ator Jim Caviezel ao lado de figurantes em cena vazada de “Dark Horse”. Foto: Reprodução

No almoço, a qualidade da comida foi ainda mais questionada, com relatos de alimentos estragados que fizeram alguns profissionais passarem mal. Embora nem todos os figurantes tenham enfrentado esses problemas diretamente, eles presenciaram essas condições com colegas de trabalho.

Além das condições precárias, os figurantes também se surpreenderam ao descobrir o verdadeiro tema do filme, a trajetória de Bolsonaro. Muitos dos profissionais não eram a favor do ex-presidente e ficaram desconfortáveis com a associação ao filme.

“Muitos dos figurantes se sentiram constrangidos, porque são críticos a Bolsonaro e não queriam estar associados a um filme com essa temática. O que muitos fizeram foi exagerar a atuação durante as filmagens, na esperança de que cortassem imagens com figurantes que se esforçaram para aparecer”, contou uma figurante.

As jornadas de trabalho também foram mais longas do que o habitual. Um dos profissionais relatou que trabalhou durante todo o dia, das primeiras horas da manhã até a noite, e recebeu um pagamento de R$ 165, 35 dias após o fim das gravações.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.