Lira diz que Motta “foi humilhado por Glauber” e “está perdido”

Atualizado em 11 de dezembro de 2025 às 15:59
Arthur Lira e Hugo Motta. Foto: Divulgação

A relação entre o ex-presidente da Câmara Arthur Lira e seu sucessor, Hugo Motta, sofreu um abalo depois da votação que livrou o deputado federal Glauber Braga (PSOL) da cassação. O parlamentar, que foi o padrinho político da eleição dele à presidência da Câmara, manifestou forte irritação com sua condução do processo na Casa.

A aliados, Lira afirmou que Motta está “perdido”, que foi “humilhado por Glauber” e que não contou com apoio do plenário. Procurado, o presidente da Câmara não se pronunciou. Segundo Lira, o erro central foi pautar as representações contra do deputado do PSOL e Carla Zambelli sem acordo prévio.

Até poucas horas antes da votação, o ambiente interno apontava para duas cassações. A guinada obrigou deputados a manter os mandatos, o que, segundo ele, desagradou a maioria. O parlamentar lembrou ainda que o “PSOL representou contra o presidente Hugo na PGR”, avaliando que Motta saiu politicamente derrotado.

Em mensagens enviadas ao grupo do PP, reveladas pelo G1 e confirmadas pelo GLOBO, ele foi direto: “Tem que reorganizar a Casa. Está uma esculhambação”. Interlocutores do ex-presidente afirmam que Motta tem ignorado seus conselhos e se amparado em um círculo reduzido de líderes, entre eles Isnaldo Bulhões (MDB-AL), rival de Lira em Alagoas.

O deputado Isnaldo Bulhões. Foto: Divulgação

A insatisfação não surgiu agora, mas a votação envolvendo Glauber teria exposto o desgaste. Lira chegou a dizer que, se ainda estivesse no comando, o deputado do PSOL teria sido cassado “com mais de 400 votos”.

A crise se aprofundou após a reviravolta que resultou na suspensão de seis meses do mandato do parlamentar, aprovada por 318 votos a 141. A tensão cresceu com os desdobramentos da véspera, quando ele ocupou a cadeira da presidência da Câmara por cerca de uma hora e obstruiu os trabalhos.

A retirada forçada do deputado pela Polícia Legislativa gerou tumulto, relatos de agressões e expulsão de jornalistas e assessores do plenário, o que levou a uma onda de críticas de parlamentares da base ao presidente da Casa.

Nos bastidores, Lira afirmou que nunca precisou acionar a Polícia Legislativa para retomar o controle de uma sessão durante sua gestão, e usou o caso para reforçar a avaliação de que Motta perdeu as condições de conduzir o plenário com autoridade.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.