Flávio Bolsonaro, suas ideias e sua fantástica loja de chocolate. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de dezembro de 2025 às 9:53
Flávio Bolsonaro em close, sério, sem olhar para a câmera
O senador Flávio Bolsonaro (PL) – Reprodução

A Faria Lima, que hoje tem conexões mais sólidas com o crime organizado do que com o liberalismo financeiro, vem conversando com Flávio Bolsonaro, o ungido pelo chefe da organização criminosa.

Os jornais resumem as conversas assim: Flávio promete que será um presidente atento à questão fiscal, sem sanha arrecadatória.

É o que quase todos eles informam. Uma pessoa que for atacada na rua e se declarar de direita pode dizer a mesma coisa: que cortará gastos e reduzirá impostos. A dona Maria diz isso nos jornais da TV Globo.

O mercado até que gostou, porque o mercado gosta de quem não é lulista ou petista ou de esquerda. A Faria Lima acha feio tudo que não seja Paulo Guedes.

E aí o que temos, como resumo do que Flávio seria no governo, é o que está acima. Não há nada, uma linha com alguma coisa com algum sentido, além das platitudes, sobre o que o sujeito pensa sobre economia, principalmente a partir da sua experiência como franqueado de uma loja de chocolate.

Porque, como disse a Folha esses dias em editorial, o que a direita precisa fazer, e Flávio está tentando, é mostrar que tem condições de ser um anti-Lula. Não precisa dizer o que faria para a Faria Lima. Precisa ser do contra.

Avenida Brigadeiro Faria Lima
Avenida Brigadeiro Faria Lima – Reprodução/Agência Brasil

O editorial da Folha dizia o seguinte:

“Datafolha indica que disputa irá à 2ª rodada; oponente de Lula é capaz de atrair votos avessos ao petista”.

O oponente deve atrair votos de quem é avesso a Lula, e não de quem acredita que esse oponente possa ter alguma noção do que é governar o Brasil.

Basta que prove que pode vencer Lula. Não é o caso de Flávio, que não vence nem Caiado numa prévia da direita. O filho repete a papagaiada do mercado e se apresenta como alguém que pode atrair os votos avessos.

A manchete mais sincera, depois da primeira rodada de encontros de Flávio com o mercado, foi essa do Globo:

“Faria Lima recebe Flávio Bolsonaro com desconfiança e vê falta de clareza sobre agenda econômica do senador”

Carluxo, se fosse ouvido, certamente seria mais claro.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/