Flávio Bolsonaro tenta atrair apoio do mercado e do Centrão, mas rejeição cresce

Atualizado em 14 de dezembro de 2025 às 13:26
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A pré-campanha de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) completa pouco mais de uma semana marcada por um cenário adverso. O senador enfrenta um “tripé de rejeição”, formado por lideranças do Centrão, representantes do agronegócio e setores do mercado financeiro. A resistência ao sobrenome Bolsonaro é apontada como fator decisivo para a dificuldade em atrair apoios sólidos. As informações são do Estadão.

Diante desse quadro, Flávio intensificou agendas com empresários e bancos. Ele esteve na sede do UBS e programa novas conversas para apresentar-se como alternativa “moderada” em comparação ao pai e aos irmãos. Nos bastidores, tenta associar sua imagem ao ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, com quem pretende compor a área econômica da campanha. Entre banqueiros, porém, a disposição é limitada: “abrir portas por educação” não se traduz em engajamento político.

O impacto econômico de sua entrada na disputa foi citado como sinal de fragilidade. No dia em que lançou sua pré-candidatura, o Ibovespa despencou e o dólar subiu 2,29%. Analistas do mercado interpretaram sua presença na corrida como fator que aumenta a probabilidade de vitória de Lula em primeiro turno. Nesse contexto, grandes instituições seguem apostando numa possível candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e avaliam que o sobrenome Bolsonaro não deve aparecer nem na vice.

Eduardo Bolsonaro em evento nos EUA. Foto: Mandel Ngam/AFP

No agronegócio, a distância em relação ao bolsonarismo também cresce. Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária lembram o impacto negativo das articulações de Eduardo Bolsonaro na relação com o governo Trump, o que resultou em tarifas contra produtos brasileiros. Episódios envolvendo aliados, como a fuga de Alexandre Ramagem e a tentativa de Jair Bolsonaro de burlar a tornozeleira eletrônica, reforçaram a percepção de desgaste.

O Centrão também não sinalizou apoio. Flávio reuniu em sua casa os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do Progressistas, Ciro Nogueira, mas o encontro terminou sem definição. Dentro do próprio PL, a pré-candidatura enfrenta resistência crescente. Setores evangélicos, empolgados com a possibilidade de Michelle Bolsonaro concorrer, reagiram mal ao movimento do senador e falam em “traição”.

A leitura predominante entre dirigentes e analistas é que Flávio Bolsonaro inicia a pré-campanha isolado e com dificuldades para consolidar alianças fundamentais. Mesmo com tentativas de aproximação ao mercado e discursos de moderação, a carga política associada ao sobrenome continua sendo o principal obstáculo para seu avanço.