“Achei que ia morrer”: brasileiro presenciou ataque terrorista na Austrália

Atualizado em 14 de dezembro de 2025 às 23:38
Vista aérea das equipes em ação após um tiroteio na praia de Bondi, em Sydney, Austrália. Foto: Reprodução

O brasileiro Daniel Silva Gonçalves, de 19 anos, vivenciou momentos de terror na tarde deste domingo (14), durante um ataque a tiros na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália. O atentado deixou ao menos 16 mortos e cerca de 40 feridos, segundo autoridades locais, e foi classificado como um ato terrorista.

Natural de Valença, no sul do Rio de Janeiro, ele contou ao UOL que estava aproveitando o fim de tarde em uma das praias mais conhecidas do país quando ouviu os primeiros disparos. O ataque ocorreu durante uma celebração judaica do feriado de Hanukkah, o que levou a polícia australiana a tratar o caso como terrorismo.

De acordo com o relato, o estudante chegou à praia com uma amiga e se acomodou na areia. Depois de um tempo, entrou no mar e, ao retornar, se aproximou de uma roda de samba formada próximo às barracas, em um ambiente que parecia tranquilo e festivo.

Pouco depois, o clima mudou repentinamente. O grupo começou a se dispersar, e Daniel decidiu sentar-se na grama, perto de uma ponte e dos banheiros públicos. Foi nesse momento que ele ouviu sons estranhos. “Ouvi dois barulhos secos. Na hora eu falei para minha amiga: isso é tiro. Mas ninguém reagiu. Todo mundo achou que era fogos, porque estava um clima de festa”, disse.

A confirmação veio segundos depois, com uma sequência de disparos. “Quando começou de verdade, saiu todo mundo correndo. As pessoas largaram bolsas, roupas, tudo na areia. Foi um caos”, afirmou o brasileiro, ao descrever a correria generalizada.

Gramado nas proximidades da praia de Bondi, na Austrália, após um tiroteio. Foto: Divulgação

Daniel disse que conseguiu olhar na direção de onde vinham os tiros e presenciou cenas extremas de desespero. Pessoas corriam em várias direções, algumas se jogavam no chão, outras tentavam se proteger atrás de carros estacionados, enquanto havia quem entrasse no mar para tentar fugir.

“Vi muita gente deitada na praia tentando se proteger. Crianças chorando, pessoas gritando. Vi gente morta, coberta por lona. Vi gente com a cabeça explodida”, contou Daniel Gonçalves.

Durante a fuga, o estudante teve certeza de que se tratava de um massacre. Ele tentou ajudar a amiga, que entrou em estado de choque, e, sem identificar um caminho seguro para sair da área, os dois decidiram permanecer próximos à polícia, aguardando orientações.

A polícia de Nova Gales do Sul informou que um dos atiradores morreu no local e que o segundo foi ferido e permanece em estado crítico. Artefatos explosivos improvisados foram encontrados em um carro estacionado próximo à ponte de onde partiram os disparos.

O atendimento mobilizou mais de 40 ambulâncias, além de helicópteros de resgate. Dois policiais ficaram feridos durante a ocorrência. A área foi isolada para trabalho da perícia, e as investigações seguem em andamento para apurar as motivações e eventuais conexões do ataque.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.