Oportunismo? Como a esquerda interpreta renúncia de Zambelli

Atualizado em 15 de dezembro de 2025 às 12:10
A bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). Foto:

A renúncia de Carla Zambelli (PL-SP) foi interpretada por parlamentares e lideranças da esquerda como uma manobra oportunista para tentar evitar a perda de direitos políticos, mesmo após a condenação e a prisão da deputada. Com informações da Folha de S.Paulo.

O gesto, anunciado neste domingo (14), ocorreu depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) já ter determinado a cassação do mandato, decisão tomada após a Câmara manter Zambelli no cargo na madrugada de quinta-feira (11).

Durante ato de movimentos de esquerda na Avenida Paulista, deputados e ministros do governo Lula afirmaram que a saída não muda o desfecho jurídico. “Ela ia ser cassada de todo modo. Talvez seja uma estratégia da advogada dela e dela, de eventualmente não ficar inelegível”, disse o deputado Jilmar Tatto (PT).

Para Sâmia Bomfim (PSOL), a renúncia significa “uma golpista a menos no caminho”. Já o ministro Paulo Teixeira afirmou ver na decisão “uma tentativa dela de evitar a perda dos seus direitos políticos”.

Nos bastidores, a renúncia foi atribuída a uma negociação envolvendo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliados, a família de Zambelli e advogados. A medida também é vista como uma forma de reduzir o atrito institucional entre a Câmara e o STF.

“A Carla Zambelli teve a condição de ser mais digna do que o presidente da Câmara”, ironizou Érika Hilton (PSOL).

O ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) cobrou que o foco agora seja a extradição da deputada, presa na Itália: “Ela já está presa e já tinha sido tirada do cargo pelo Supremo. A questão agora, no caso da Zambelli, não é nem sobre o mandato, mas sobre a extradição dela para cumprir a pena no Brasil.”

Zambelli foi condenada a dez anos de prisão e à perda do mandato por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, além de ter recebido pena de cinco anos e três meses por apontar uma arma para um homem na véspera do segundo turno de 2022.

O STF determinou que ela cumpra a pena no Brasil, e o pedido de extradição será analisado pela Justiça italiana na próxima quinta-feira (18).

O hacker Walter Delgatti Neto e a bolsonarista Carla Zambelli. Foto: Reprodução