
As autoridades do Canadá decidiram que o Monumento às Vítimas do Comunismo, inaugurado em Ottawa em dezembro de 2024, não exibirá mais os nomes de indivíduos previstos no projeto original. A decisão foi tomada após a identificação de que parte significativa dos homenageados tinha ligação com o nazismo. Desde a inauguração, o espaço destinado às inscrições permanece coberto por placas pretas.
O monumento havia sido aprovado pelo governo em 2009 e comissionado pela Liberty Foundation, organização sem fins lucrativos formada por imigrantes e descendentes do Leste Europeu. Parte do financiamento veio do governo canadense, enquanto o restante foi obtido por meio de doações privadas. Como contrapartida, doadores poderiam indicar nomes de cerca de 600 pessoas classificadas como vítimas de regimes comunistas.
Durante a fase de construção, veículos da imprensa canadense divulgaram denúncias sobre a presença de nazistas e criminosos de guerra entre os nomes indicados. Grupos judaicos de memória do Holocausto, como o Amigos de Simon Wiesenthal, realizaram levantamentos que identificaram figuras como Ante Pavelić, líder fascista croata ligado à Ustaše, responsável por perseguições e assassinatos de judeus e outras minorias.

Outro nome apontado foi o de Roman Shukhevych, ultranacionalista ucraniano associado a massacres de poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Estimativas históricas indicam que até 100 mil pessoas foram mortas em ações atribuídas a grupos sob sua liderança.
Diante dessas informações, o Departamento do Patrimônio Histórico do Canadá passou a exigir a análise prévia de cada nome pela Liberty Foundation, com participação de historiadores e representantes de organizações judaicas. Em dezembro de 2025, após a identificação de 330 nazistas ou colaboradores, o governo decidiu vetar definitivamente homenagens individuais no monumento.
A obra também esteve relacionada a uma controvérsia ocorrida no Parlamento canadense em setembro de 2023, quando Yaroslav Hunka, ex-combatente da Divisão da Galícia da Waffen-SS, foi homenageado durante visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Na ocasião, o então presidente da Câmara, Anthony Rota, declarou que Hunka era “um herói ucraniano e um herói canadense”. O episódio resultou na renúncia de Rota e em um pedido formal de desculpas do Canadá.