
A reportagem do DCM procurou o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, para comentar a decisão que determinou a suspensão das transmissões de missas online e da atuação do padre Júlio Lancellotti nas redes sociais. Em resposta, Dom Odilo afirmou que não considera oportuno comentar o caso publicamente.
Segundo o cardeal, a medida adotada diz respeito a assuntos internos da Igreja e teria como objetivo beneficiar o próprio sacerdote. “O que tratei com o padre Júlio é assunto de bispo para padre. Foi para o bem do padre”, declarou.
Questionado sobre a possibilidade de transferência do padre Júlio para outra paróquia, Dom Odilo disse que o religioso já se manifestou oficialmente, reiterando que permanecerá à frente da Paróquia São Miguel Arcanjo. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira (16), o padre encerra dizendo: “Reafirmo minha pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo”.
Entenda o caso

Dom Odilo determinou a suspensão das transmissões ao vivo das missas celebradas pelo padre Júlio Lancellotti e ordenou que ele interrompa sua atuação nas redes sociais. A decisão, que já está em vigor, foi comunicada diretamente ao sacerdote e provocou forte repercussão dentro e fora da Igreja Católica.
Padre Júlio é uma das figuras mais conhecidas do clero brasileiro, sobretudo por seu trabalho à frente da Pastoral do Povo da Rua, referência nacional no atendimento a pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. As missas transmitidas pela internet reuniam milhares de fiéis e alcançavam um público muito além dos limites físicos da paróquia.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa e confirmadas pelo próprio padre, a determinação do arcebispo teria como objetivo evitar que a liturgia seja associada a disputas políticas ou ideológicas. Fontes da Arquidiocese descrevem a medida como uma espécie de “recolhimento”, além de uma tentativa de proteção institucional diante do aumento de ataques e pressões dirigidos ao sacerdote.
A Arquidiocese de São Paulo não publicou nota oficial detalhando os motivos da decisão, o que ampliou as críticas e levantou questionamentos sobre a falta de transparência. Entre apoiadores do padre Júlio, predomina a avaliação de que a suspensão representa uma tentativa de silenciar uma voz incômoda, conhecida há décadas por sua atuação firme em defesa da população em situação de rua e dos direitos humanos.
Procurado, o padre Júlio preferiu não comentar o caso.
Ele e Dom Odilo inauguraram juntos, em agosto, a biblioteca Wilma Lancellotti, a primeira destinada à população em situação de rua, no bairro da Mooca, Zona Leste da capital. O DCM TV conversa com Denise Ribeiro, uma das coordenadoras da biblioteca. Acompanhe ao vivo: