“Perseguição”: popularidade de Padre Júlio desperta inveja nas altas hierarquias, diz Lilia Schwarcz

Atualizado em 16 de dezembro de 2025 às 23:14
Padre Júlio e Dom Odilo. Fotos: Marlene Bergamo; Remo Casilli

A historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz afirmou que o padre Júlio Lancellotti sofre “perseguição” e que sua popularidade teria despertado inveja nas altas hierarquias da Igreja Católica. A declaração foi feita em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (16), após a decisão do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, de transferir o religioso da paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde atua há cerca de 40 anos. A decisão foi comunicada ao padre por meio de carta recebida na última quarta-feira (10):

Sem dar maiores explicações o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, determinou a transferência do padre Júlio Lancellotti da paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde ele atuava há cerca de 40 anos. Por que será que meses antes de se aposentar o arcebispo toma essa atitude? E por que de maneira tão fria e distante?

A decisão foi comunicada ao sacerdote por meio de uma carta recebida na última quarta-feira (10).
A comunicação também inclui a proibição do uso de redes sociais por padre Júlio, além da suspensão da transmissão online das missas dominicais realizadas na paróquia.

Penso que talvez a popularidade, merecida, de Padre Júlio esteja incomodando as altas hierarquias da igreja. Afinal, as populares missas celebradas por padre Júlio vinham sendo acompanhadas por fiéis de maneira presencial e on line e o religioso tem grande presença nas redes.

Mas Padre Júlio ficou famoso, mesmo, pelo trabalho desenvolvido junto à população em situação de rua na capital paulista, por meio da Pastoral do Povo da Rua.

Entre os projetos recentes está a Biblioteca Wilma Lancellotti, inaugurada no bairro do Belém, voltada ao atendimento de pessoas em situação de rua e com mais 3 mil livros doados. Tive a honra de ser nomeada a madrinha da biblioteca.

Fico pensando que, mais uma vez, a importância do padre Jùlio causa muita inveja. Afinal, não é a primeira vez que ele é atacado — por políticos inescrupulosos e agora pela cúpula da igreja.

Infelizmente na história temos vários exemplos como esses. Um religioso voltado para a defesa do povo e dos valores humanos — que implicam afeto, comprometimento, luta por igualdade, simplicidade e abnegação — sempre acaba perseguido e acusado daquilo que não é. Ou nem ao menos é acusado. Só é perseguido e privado do que faz de melhor: o amor ao próximo e aos despossuídos. Viva Padre Júlio. Ele me representa com sua bondade, cidadania e abnegação.