
A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem “personalidade de alcoólatra” em entrevista à revista “Vanity Fair”, publicada nesta terça-feira (16). A reportagem reúne relatos sobre disputas internas no governo e descreve divergências em temas como imigração, tarifas comerciais e condução administrativa.
As declarações fazem parte de 11 entrevistas concedidas por Wiles ao autor Chris Whipple ao longo do primeiro ano do segundo mandato de Trump. Primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete, ela disse que a convivência com um pai alcoólatra a preparou para lidar com “personalidades fortes”. Segundo Wiles, Trump não bebe, mas age com “a convicção de que não há nada que ele não possa fazer. Nada, zero, nada”.
Wiles também afirmou que o vice-presidente JD Vance “é um teórico da conspiração há uma década” e classificou sua mudança de crítico para aliado de Trump como “meio política”, associada à disputa pelo Senado. Ela ainda criticou a atuação do bilionário Elon Musk à frente do Departamento de Eficiência Governamental, especialmente pelo desmonte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
The article published early this morning is a disingenuously framed hit piece on me and the finest President, White House staff, and Cabinet in history.
Significant context was disregarded and much of what I, and others, said about the team and the President was left out of the…
— Susie Wiles (@SusieWiles) December 16, 2025
Wiles relatou ter discordado de Trump em decisões como o perdão a envolvidos mais violentos no ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio e o anúncio de amplas tarifas comerciais. Segundo ela, alertas foram feitos, mas não acolhidos. A chefe de gabinete também defendeu maior rigor e revisão nos processos de deportação de imigrantes em situação irregular, com mecanismos de “dupla verificação” em casos de dúvida.
Outro ponto abordado foi a divulgação dos arquivos de Jeffrey Epstein. Wiles afirmou que a procuradora-geral Pam Bondi “errou completamente” na condução inicial do tema. Ela disse ter lido os documentos, reconheceu que o nome de Trump aparece nos arquivos e declarou que “ele não está envolvido em nada de terrível”. Bondi, por sua vez, afirmou em rede social que Wiles atua com lealdade e que a equipe do governo permanece unida.
Após a publicação, Wiles classificou a reportagem como “difamatória e tendenciosa”, alegando omissão de contexto e uso seletivo de falas. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou apoio à chefe de gabinete.
JD Vance também a defendeu, afirmando que nunca a viu ser desleal ao presidente. Na entrevista, Wiles ainda comentou ações de Trump contra a Venezuela, sugerindo que o objetivo é pressionar o governo de Nicolás Maduro, e lembrou que eventuais operações terrestres dependeriam de autorização do Congresso.