
As investigações da Polícia Federal sobre grampos ilegais na operação Lava Jato apontam para a hipótese de crime continuado de Sergio Moro (União-PR), ex-juiz e senador, segundo a jornalista Daniela Lima. Documentos revelados pela corporação indicam que informações sigilosas sobre autoridades com foro privilegiado foram omitidas por cerca de 20 anos.
Esses documentos, que comprovam interceptações feitas durante o período em que Sergio Moro atuava como juiz, foram encontrados recentemente na 13ª Vara Federal de Curitiba. A PF agora investiga se o caso envolve crime continuado, pois essas interceptações ocorreram em uma época em que não houve ação judicial sobre as denúncias.
“Houve lá atrás a violação legal da atribuição de investigar desembargadores, presidentes de tribunal de contas, conselheiros de tribunal de contas, mas esses documentos foram omitidos da Justiça durante os 20 anos. Há inclusive decisão recente do atual juízo se recusando a enviar esses dados ou documentos relacionados a ele, a esses dados para o Supremo Tribunal Federal”, disse a jornalista no UOL News.
“Essas queixas foram feitas aos juízes que sucederam o Moro e nada foi feito por eles. Até que o polêmico Eduardo Appio, ele também hoje juiz federal, e está afastado, foi quem recebeu o pedido e falou, ‘Opa, isso aqui é grave’ e mandou para o Supremo Tribunal Federal. Esse caso está nas mãos do Dias Toffoli tem dois anos”, prosseguiu.
Ela aponta que o magistrado vem dando andamento ao caso há dois anos. “Pela primeira vez na história, a Polícia Federal ter de fazer uma batida numa vara federal para poder entender qual era o tamanho do buraco. E o buraco é fundo”, completou.

Moro alegou que a investigação contra ele é um “factoide” e uma tentativa de desviar a atenção de apuração envolvendo Lulinha, o filho do presidente Lula. Em post nas redes, ele atacou a jornalista, afirmou que ela é a “favorita do PT”, sugeriu a prescrição do caso e disse que Daniela Lima republicou uma matéria de 2023.
O senador também disse que as acusações contra ele são baseadas em relatos de delatores condenados, como Tony Garcia, ex-deputado estadual que fez acordo de delação premiada com ele 21 anos atrás. O ex-juiz negou que tenha agido de forma ilegal ao utilizar os delatores para monitorar autoridades fora de seu alcance legal e argumentou que todas as gravações realizadas estavam devidamente registradas nos autos.