
O deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), enquanto presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, afirmou em mensagens a terceiros que teria se encontrado com o desembargador Marcário Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), para usar o magistrado como falso álibi e acobertar uma traição à esposa.
A alegação foi apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo advogado Fernando Fernandes, que atua na defesa do desembargador.
A informação consta em memorial revelado pelo jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo, e confirmado pela coluna. No documento, o advogado sustenta que Bacellar estava envolvido em um “ilícito matrimonial e usou o nome do desembargador”, atribuindo falsamente a ele um encontro que não teria ocorrido.
Marcário Judice Neto, apontado como primeira vítima das análises feitas no celular de Bacellar, foi preso na terça-feira (16) sob suspeita de ter vazado a Bacellar informações sobre operações policiais que tinham como alvo o deputado estadual TH Joias.
O processo envolvendo TH Joias chegou a ser relatado pelo próprio desembargador antes de ser redistribuído ao ministro Alexandre de Moraes. As investigações indicam que Bacellar teria alertado o parlamentar sobre as ações da Polícia Federal. O então presidente da Alerj também chegou a ser preso e foi afastado do comando da Casa.
A defesa de Marcário Neto afirma que a única prova apresentada para sustentar o suposto encontro é uma mensagem de WhatsApp enviada por Bacellar a terceiros.

Segundo Fernando Fernandes, a declaração não pode ser validada por se tratar de uma informação falsa. O advogado também sustenta que não existem vídeos ou fotografias que comprovem a reunião, que teria ocorrido em uma churrascaria. Na quarta-feira, Fernandes relatou a mesma tese ao ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.
Além das suspeitas envolvendo o vazamento de informações, Bacellar passou a ser questionado pelo uso de um helicóptero particular em compromissos oficiais enquanto substituía o governador Cláudio Castro (PL) em agendas institucionais do Executivo estadual.
De acordo com informações da GloboNews, o parlamentar utilizou uma aeronave pertencente à empresa Gigante Empreendimentos Imobiliários, registrada em nome de Monaliza Santos de Vasconcelos, beneficiária do programa Bolsa Família.
O helicóptero foi usado em viagens ao interior do estado em ocasiões em que Bacellar exercia funções típicas de governador. Um dos trajetos identificados foi entre o Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes. Em plataformas de táxi aéreo, o mesmo percurso é avaliado em mais de R$ 50 mil.