PL fala em perseguição da PF, mas Centrão reconhece indícios de corrupção

Atualizado em 19 de dezembro de 2025 às 12:43
Os deputados bolsonaristas Sóstenes Cavalcante (PL) e Carlos Jordy (PL). Foto: Reprodução

O PL acusa a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal de perseguição política após a operação deflagrada nesta sexta-feira (19) contra o líder do partido na Casa, Sóstenes Cavalcante, e o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), mas lideranças do Centrão admitem, reservadamente, que há indícios de desvio de verbas de gabinete que precisam ser investigados, conforme informações do blog de Valdo Cruz, do G1.

A avaliação é de que, embora o discurso público do partido seja de confronto, o material reunido pela PF impõe a necessidade de apuração.

Logo após a operação, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, fez ligações a deputados da cúpula da Câmara pedindo uma reação institucional contra a ofensiva que atingiu Sóstenes, Jordy e assessores dos dois parlamentares. A sigla sustenta que a ação tem motivação política.

Nos bastidores, porém, a leitura é diferente. Um líder do Centrão afirmou de forma reservada: “O PL tem razão em reclamar de uma perseguição política contra seus deputados. Mas, por outro lado, a operação de hoje da PF traz indícios fortes de desvio de verbas da cota parlamentar. Isso é muito ruim; os deputados do PL precisam cobrar explicações de seus assessores”.

Outro dirigente do bloco avalia que a PF estaria pressionando o Congresso neste fim de ano, mas recomenda o afastamento de assessores suspeitos até a conclusão das investigações.

No STF e na PF, a resposta às acusações de perseguição é que as investigações já estavam em curso e que foram identificados indícios robustos que justificaram as diligências. De acordo com investigadores, a PF não pode ignorar sinais de corrupção e precisa apurar os fatos.

A operação

A Operação Galho Fraco, deflagrada pela PF nesta sexta-feira, busca aprofundar investigações sobre um esquema de desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares, com suspeitas de uso de empresas de fachada, incluindo uma locadora de veículos.

Segundo a PF, assessores ligados a Sóstenes e Jordy movimentaram cerca de R$ 18 milhões em operações financeiras consideradas incompatíveis com sua capacidade econômica.

Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, expedidos pelo ministro Flávio Dino. A operação apura crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Durante as buscas, a Polícia Federal encontrou uma grande quantidade de dinheiro em espécie em endereços ligados a Sóstenes Cavalcante. Cálculos iniciais indicam cerca de R$ 430 mil em um dos locais.