
O governo dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (18) uma nova leva de arquivos da investigação envolvendo Jeffrey Epstein, reunindo mais de 300 mil páginas de documentos. O material inclui fotografias do bilionário ao lado de celebridades, menções diretas ao Brasil e um grande volume de trechos censurados.
Epstein foi condenado por abusos contra menores de idade e por operar uma rede de exploração sexual, mantendo relações com empresários, políticos e figuras públicas ao longo de décadas.
A divulgação ocorre após a aprovação, em novembro, de um projeto de lei pelo Congresso dos Estados Unidos que determinou a liberação dos documentos da investigação. A proposta foi sancionada pelo presidente Donald Trump, prevendo a publicação gradual do acervo. Segundo autoridades, nem todo o material será tornado público integralmente, devido à presença de dados sensíveis, investigações ainda em andamento e informações pessoais de vítimas.
Entre os documentos já disponibilizados, há diversas fotos de Epstein ao lado de celebridades e personalidades conhecidas, como Michael Jackson e o ex-presidente Bill Clinton. As imagens não indicam, por si só, envolvimento criminal dessas pessoas, mas integram o conjunto probatório reunido ao longo das apurações conduzidas por autoridades federais norte-americanas.

Os arquivos também trazem duas menções explícitas ao Brasil. Em uma delas, consta um recado enviado a Epstein em janeiro de 2005, solicitando que ele entrasse em contato por meio de um novo número de telefone, com o assunto identificado apenas como “Brasil”.
O campo que indica quem enviou a mensagem aparece censurado. Em outro documento, há uma anotação manuscrita informando que uma mulher teria sido fotografada sem saber da existência da imagem. O texto registra que ela teria viajado ao Brasil aos 18 anos e retornado aos Estados Unidos dois anos depois, com o nome da pessoa suprimido.
De acordo com o Departamento de Justiça, a revisão do material segue em andamento e novas remessas de documentos devem ser divulgadas nas próximas semanas. Em entrevista à Fox News, o vice-procurador-geral Todd Blanche afirmou que o governo pretende liberar “centenas de milhares” de páginas adicionais, embora não haja previsão para a publicação completa de todo o acervo relacionado ao caso.
As autoridades já haviam informado que parte dos arquivos permanecerá sob sigilo. A justificativa é a proteção da identidade de vítimas de tráfico sexual e a preservação de dados vinculados a investigações ainda em curso. A legislação aprovada pelo Congresso autoriza o ocultamento de informações pessoais e sensíveis, mas proíbe censuras motivadas por constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política.
Epstein foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade. Ele foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades, morreu um mês depois dentro da cela, em um caso registrado como suicídio.