
A Cúpula do Mercosul realizada nesta sexta-feira (20), em Foz do Iguaçu (PR), foi marcada por gestos simbólicos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por uma referência direta a problemas no fornecimento de energia no Brasil. O encontro reuniu chefes de Estado do bloco tendo como cenário o mirante das Cataratas do Iguaçu.
Na abertura oficial da cúpula, Lula mencionou a queda de energia registrada durante a inauguração de uma ponte entre Brasil e Paraguai, realizada na véspera, também em Foz do Iguaçu. O presidente citou o episódio ao falar sobre a organização do evento.
Ao informar que cada chefe de Estado teria dez minutos para discursar, Lula afirmou que ninguém teria o microfone cortado. “Aqui ninguém vai ter o microfone desligado, só não pode faltar energia, Enel”, completou o estadista, mencionando a concessionária paulista de energia, em referência ao novo apagão registrado na semana anterior em São Paulo.
Na foto oficial do evento, Lula, anfitrião da cúpula, organizou o posicionamento dos líderes e ficou a uma pessoa de distância do presidente argentino Javier Milei. Antes do registro, o presidente brasileiro orientou os participantes a se virarem para o fundo do cenário natural. “Vamos olhar para trás para apreciar essa maravilha”, disse Lula aos chefes de Estado.
Enquanto a maioria seguiu a orientação, Milei permaneceu parado, olhando para a frente durante todo o tempo da fotografia. O presidente argentino só se virou ao final, quando os líderes já começavam a deixar o local após o encerramento do protocolo.
O destaque dado às Cataratas fez parte da condução simbólica do encontro por Lula, que buscou valorizar o local escolhido para a reunião do bloco. A cúpula ocorreu poucos dias depois de declarações e publicações de Milei que tensionaram o ambiente político regional.
Dias antes do evento, o presidente argentino divulgou um mapa da América do Sul no qual países governados pela esquerda, como o Brasil, foram representados como uma grande favela atravessada por uma viela de terra. Na mesma imagem, a Argentina e outras nações alinhadas à direita apareceram retratadas como modernas e futuristas.
A publicação ocorreu um dia após a eleição de José Antonio Kast como presidente do Chile, resultado que alterou o equilíbrio político da região. Com a vitória do chileno, a América do Sul deixou de ter maioria de governos identificados com a esquerda.
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