A influenciadora “trans bolsonarista” que será candidata em 2026

Atualizado em 20 de dezembro de 2025 às 18:00
A influenciadora trans Sophia Barclay

A influenciadora digital Sophia Barclay, de 25 anos, anunciou nas redes sociais sua pré-candidatura a deputada federal pelo partido Novo, em São Paulo, para as eleições de 2026. Ela se define como “trans de direita” e declara apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A publicação em que Sophia divulga a pré-candidatura ultrapassou 120 mil curtidas, mas também gerou uma enxurrada de comentários negativos. Críticos apontam contradição entre sua sexualidade e o alinhamento a um campo político historicamente associado à oposição a pautas da população trans, como políticas de saúde específicas e reconhecimento da identidade de gênero.

As reações vieram de diferentes lados do espectro político. Militantes de esquerda questionaram a coerência da candidatura, enquanto grupos conservadores contestaram sua legitimidade como representante da direita. Parte das críticas envolveu ataques diretos à sua identidade, além de ironias e comparações depreciativas.

 

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Um post compartilhado por Sophia (@barcllay)

Sophia também recebeu apoio de seguidores que se identificam como LGBTQIA+ conservadores. Alguns a veem como uma alternativa a parlamentares trans eleitas em 2022, como Erika Hilton e Duda Salabert, ambas deputadas federais pelo PSOL. Em declarações anteriores, Sophia já criticou pautas do movimento trans e defendeu a criminalização do conceito de “criança trans”.

Em entrevista, a influenciadora afirmou que a pauta LGBTQIA+ teria sido “sequestrada ideologicamente” e defendeu direitos individuais, sem militância identitária. Ela disse apoiar o diálogo político e afirmou ter interesse em conversar com figuras da direita, como o deputado Nikolas Ferreira, conhecido por declarações contra a comunidade trans.

Nascida em Guarulhos, Sophia relata uma infância marcada por conflitos familiares, agressões físicas e psicológicas. Saiu de casa aos 15 anos e afirma que a “fé cristã” teve papel importante em sua formação. Sua transição de gênero ocorreu em 2021, durante a pandemia.

Antes da atuação como influenciadora, ela trabalhou em atividades informais, como venda de chips e telemarketing. Nas redes sociais, também relatou ter sido vítima de abuso sexual na infância e mencionou um episódio judicial envolvendo declarações sobre celebridades, das quais posteriormente recuou.

A aproximação com Bolsonaro ocorreu após as eleições de 2022, quando votou nulo no segundo turno. Desde então, passou a declarar apoio ao ex-presidente, a quem atribui ter despertado seu interesse político. Apesar do histórico de falas preconceituosas de Bolsonaro, Sophia afirma vê-lo como referência política e diz acreditar em sua inocência.