
O padre Júlio Lancellotti celebrou neste domingo (21), sua primeira missa após ser impedido de transmitir as celebrações pela internet. A cerimônia ocorreu na capela da Universidade São Judas, no bairro da Móoca, zona leste de São Paulo (SP), e reuniu fiéis presencialmente. O canal independente Jornalistas Livres fez a cobertura ao vivo do culto. Conforme o DCM adiantou, o MBL é um dos principais agentes por trás das denúncias contra o religioso.
A celebração marcou o retorno público do sacerdote depois da decisão do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que proibiu a transmissão online das missas conduzidas por Lancellotti. Durante a homilia, o padre afirmou não querer ser exemplo para ninguém e disse desejar apenas ser “irmão de todos”, com ênfase nos mais pobres e abandonados.
A determinação da Arquidiocese levou Lancellotti a anunciar, há cerca de uma semana, o fim das transmissões semanais realizadas na capela e a interrupção das atualizações em suas redes sociais. Sua última publicação no Instagram data de 10 de dezembro e trata de uma reflexão teológica.
A decisão partiu do arcebispo por razões que não foram detalhadas publicamente. Na ocasião, o padre mencionou estar em um “período de recolhimento temporário”, enquanto dom Odilo Scherer declarou que o tema dizia respeito à relação entre bispo e sacerdote. A Arquidiocese também determinou uma auditoria financeira na paróquia de São Miguel Arcanjo, comandada por Lancellotti há quatro décadas.
A missa foi acompanhada por uma capela lotada, com aplausos frequentes ao longo da celebração. Fiéis exibiram cartazes em apoio ao padre, entre eles mensagens que defendiam que o amor ao próximo não deve ser silenciado. Um grupo de mulheres trans também participou da cerimônia.
Durante a homilia, Lancellotti abordou temas sociais recorrentes em sua atuação pastoral. Ele citou a violência contra mulheres e fez críticas à desigualdade social na capital paulista, afirmando que áreas mais privilegiadas da cidade permanecem distantes da realidade dos pobres.
Ao final da celebração, o padre retomou um de seus lemas mais conhecidos, incentivando força e coragem, e realizou o rito da comunhão. A cerimônia foi encerrada com flores de papel erguidas pelos participantes, gesto organizado por um movimento ligado à defesa da democracia.
Antes da missa, integrantes da pastoral da comunicação divulgaram um abaixo-assinado em apoio a Lancellotti, que já reunia centenas de assinaturas. Segundo organizadores, o público foi maior do que o habitual, incluindo pessoas que não se identificam como católicas e que compareceram em solidariedade ao sacerdote.
Veja imagens da cerimônia:
Tentaram silenciar o padre Júlio Lancelotti, mas a própria população lotou a igreja e ainda gravou a missa que queriam censurar. Já que eles queriam esconder, vamos mostrar! pic.twitter.com/2mEVzNcMUo
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) December 21, 2025
Depois de tentarem censurar e barrar a transmissão de sua missa nas redes, Padre Júlio Lancelotti é recebido com a igreja lotada e aplausos emocionados. “Se amar os pobres incomoda, amemos até o fim”.
🎥 @J_LIVRES pic.twitter.com/7CiK4lvSXf
— Bruno Guzzo® (@brunoguzzo) December 21, 2025