
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (23), da posse do novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, em uma mudança que reflete diretamente a reorganização política do União Brasil e o esforço do Planalto para consolidar apoio à reeleição em 2026. Filho do deputado federal Damião Feliciano (União Brasil-PB), Gustavo assume o cargo no lugar de Celso Sabino, que deixou o ministério após ser expulso do partido.
A substituição havia sido anunciada por Lula na semana passada e ocorre depois de Sabino descumprir uma determinação da direção do União Brasil para deixar o governo. A saída expôs o racha interno da legenda e abriu espaço para a ascensão de um grupo mais alinhado ao Palácio do Planalto.
Integrantes do governo afirmam que a nomeação de Gustavo Feliciano é resultado de um acordo político com uma ala do União Brasil que se comprometeu a apoiar Lula na eleição presidencial do próximo ano.
Um membro da executiva do partido confirma que a articulação teve o aval do presidente da sigla, Antônio Rueda, e foi conduzida por parlamentares mais próximos do governo federal. O União Brasil conta atualmente com 59 deputados, e esse grupo governista reúne cerca de 20 deles.
Pai do novo ministro, Damião Feliciano integra justamente esse núcleo mais alinhado ao Planalto e atua como um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados. Segundo interlocutores do Executivo, a escolha reforça a estratégia de exigir alinhamento político de ministros e integrantes do segundo escalão, especialmente em partidos que se dizem independentes ou que ensaiam lançar candidaturas próprias em 2026.
Um parlamentar que acompanhou as negociações afirma que a indicação de Gustavo Feliciano também conta com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliado do novo ministro na Paraíba. O respaldo regional teria pesado na decisão, ampliando a sustentação política da nomeação.
Gustavo Costa Feliciano é natural de Campina Grande e formado em Direito. Ele é filho da ex-vice-governadora da Paraíba Lígia Feliciano, que deixou o PDT e se filiou ao União Brasil em 2023. A família teve papel relevante na política estadual, mas Gustavo nunca disputou cargo eletivo.
Durante o primeiro governo de João Azevêdo, Gustavo ocupou o cargo de secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba. Ele assumiu logo no início da gestão e deixou a função em dezembro de 2021. No ano seguinte, sua mãe rompeu politicamente com o governador e ficou fora da coligação que garantiu a reeleição de Azevêdo em 2022.
Antes de integrar o governo estadual, Gustavo presidiu o diretório municipal do PDT em Campina Grande, partido que então abrigava a família. Ele também foi diretor-presidente da União de Ensino Superior de Campina Grande (Unesc). Apesar do novo cargo, mantém perfil discreto nas redes sociais, com cerca de 3 mil seguidores no Instagram e publicações interrompidas desde 2021.