A ligação de Epstein com “grande grupo brasileiro”

Atualizado em 23 de dezembro de 2025 às 12:44
Jeffrey Epstein. Foto: Reprodução

Novos documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelaram que um “grande grupo brasileiro” está mencionado em investigações sobre o caso de Jeffrey Epstein, o bilionário criminoso sexual que morreu em 2019. Os arquivos, tornados públicos em 19 de dezembro de 2025, fazem parte de uma série de documentos relacionados aos abusos sexuais e ao tráfico de mulheres e meninas atribuídos a Epstein.

Em um dos depoimentos do FBI, datado de 2 de maio de 2019, uma referência ao grupo brasileiro foi encontrada, embora grande parte do material esteja censurada, dificultando a identificação das pessoas envolvidas. A expressão “grande grupo brasileiro” foi destacada em uma das anotações da entrevista, mas, devido à censura, não é possível entender completamente o contexto ou identificar quem seria esse grupo.

Depoimento sobre o caso Epstein cita “grande grupo brasileiro”. Foto: Reprodução

Em outra parte do depoimento, mencionam que Epstein tinha preferências específicas quanto às meninas que ele queria encontrar, incluindo críticas sobre características físicas. O texto menciona também que uma menina “teria acabado de vir do Brasil” e era modelo, sendo descrita como “apaixonada” por Epstein, com um interesse que incluía até mesmo a ideia de fazer um esboço ou pintura da jovem.

Depoimento cita modelo que “acabou de vir do Brasil”. Foto: Reprodução

Em relação ao Brasil, documentos anteriores e reportagens indicam que Jean-Luc Brunel, parceiro de Epstein e ex-agente de modelos, esteve no Brasil em 2019 em busca de novas modelos para levar aos Estados Unidos. Brunel, que foi encontrado morto na prisão em 2022, foi acusado de assédio e tráfico de mulheres.

A investigação revelou que ele recrutava jovens, prometendo contratos na indústria da moda, e que as levava em aviões de Paris para os EUA. O caso ganhou notoriedade internacional, com reportagens detalhando sua atuação no Brasil e em outros países.

Documento fala sobre “retorno ao Brasil”. Foto: Reprodução

Segundo reportagens de 2019, Brunel visitou o Brasil para fazer castings de modelos e esteve em agências como a Mega Model Brasília. Durante sua visita, uma modelo brasileira, que estava hospedada no apartamento de Brunel em Miami, foi identificada. O diretor da agência, Nivaldo Leite, confirmou a visita, mas negou que modelos da agência tivessem viajado com Brunel.

Ele afirmou que Brunel apenas conheceu a estrutura da agência e não havia qualquer vínculo com o caso Epstein. Leite também se mostrou surpreso ao ser questionado sobre a relação de Brunel com Epstein, afirmando que desconhecia essas conexões.

A Mega Model Brasil, por meio de seu diretor, afirmou que nunca houve contato posterior entre a agência e Brunel e que ele não teve envolvimento com modelos da empresa depois da visita. Além disso, Leite garantiu que era ele quem cuidava das parcerias internacionais e que não havia relação comercial com o francês.

Essa visita, segundo o diretor, ocorreu de forma rápida, sem maiores discussões sobre parcerias. Com o início da pandemia, o contato foi interrompido, e Leite afirmou que nunca mais ouviu falar de Brunel.

Outras agências de modelos também receberam Brunel, mas a investigação não encontrou evidências concretas de que ele tenha levado modelos para os Estados Unidos. Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor da Mega Model reafirmou que não houve nenhum contato entre os modelos e Brunel após sua visita e que a agência não foi procurada por autoridades para fornecer informações sobre ele.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.