
A brasileira Marina Lacerda afirmou, em entrevista à BBC News Brasil, que “pelo menos umas 50 brasileiras” estiveram na mansão de Jeffrey Epstein, em Nova York. “Eu levei algumas dessas meninas, e elas levaram outras meninas”, disse. Marina veio a público em setembro para relatar ter sido vítima de violência sexual.
Segundo Marina, à época dos abusos, ela morava em Astoria, bairro do distrito de Queens, em Nova York. “Eu era imigrante e menor de idade”, afirmou. O convite inicial teria vindo de uma jovem ligada a um grupo de brasileiras. “Essa menina falou: sei que você está passando uma dificuldade imensa na sua casa e queria te ajudar. Tem um cara super-rico, poderoso, que mora em Manhattan, e gosta de pegar massagem de menina nova.”
“Você tem que usar um biquíni por baixo, porque ele gosta de menina que faz massagem com biquíni, de sutiã”, disse a amiga.
Marina contou que tinha 14 anos quando foi levada à mansão. “Eu estava muito nervosa e ansiosa, mas essa amiga disse que ele era super gente boa.” Ao chegar ao local, descreveu: “A janela estava tampada.” Segundo ela, Epstein perguntou “de onde eu era, quantos anos eu tinha, se eu ia para a escola”.

Ela afirmou que recusou contato físico. “Eu falei: ‘não’. Eu disse que não me sentia confortável.” Marina relatou que percebeu uma mudança no clima. “Ela me olhou com raiva”, disse, referindo-se à jovem que a acompanhava. Segundo o relato, Epstein afirmou: “Dá um tempo que ela vai se sentir confortável comigo”.
Após o encontro, Marina disse que recebeu dinheiro. “Ele disse que me veria de novo.” Ao sair da mansão, contou que foi confrontada pela colega. “Você nunca ganhou 300 dólares em 40 minutos.” Segundo Marina, a jovem “jogou o dinheiro na minha cara e falou para eu parar de reclamar”.
Com o tempo, Marina afirmou que Epstein passou a pedir que ela levasse outras jovens. “Meninas que estavam necessitando trabalhar porque eram imigrantes, não tinham documentos de imigração, não tinham família.” Ela disse: “Levamos várias brasileiras, infelizmente”, e relatou que foi abusada “dos 14 até os 17 anos”.