
Em seu primeiro ano de operação, o Centro Especializado contra o Contrabando de Migrantes e Tráfico de Pessoas da Ameripol resgatou 54 vítimas e prendeu 78 pessoas envolvidas em crimes relacionados à exploração de migrantes. O centro, criado em 2022 e sediado no Brasil, funciona por meio de cooperação entre as polícias dos países da América, visando combater o tráfico de pessoas e a imigração ilegal.
Entre as vítimas resgatadas, há mulheres e crianças que foram exploradas sexualmente e submetidas a trabalho escravo na Europa, no Haiti e em São Paulo.
O delegado da Polícia Federal, Daniel Daher, afirmou que as investigações revelaram que muitas vítimas foram atraídas com falsas promessas de empregos, como no caso de centros de telemarketing fraudulentos no Sudeste Asiático. A exploração virtual também se tornou uma crescente preocupação, com redes sociais e sites falsos sendo usados para recrutar pessoas, que depois são colocadas em cárcere privado e forçadas a trabalhar em condições abusivas.
O centro também desmantelou redes que enviavam migrantes para os Estados Unidos e a União Europeia usando documentos falsificados, com os criminosos cobrando até US$ 20 mil por pessoa, gerando um mercado bilionário. A operação de combate ao tráfico de migrantes visa garantir que as vítimas, que muitas vezes são forçadas a atravessar rotas perigosas como a Floresta de Darién, não sejam revitimizadas e que recebam apoio adequado.

Daher explicou que, embora a repressão seja essencial, é igualmente importante dar apoio humanitário às vítimas. A Polícia Federal também tem se concentrado na prevenção, com o objetivo de fornecer informações que possam alertar potenciais vítimas sobre os riscos do tráfico e da imigração ilegal. O centro busca fortalecer sua capacitação para apoiar melhor os resgatados, trabalhando em conjunto com entidades que oferecem acolhimento.
As autoridades também destacaram que, além da exploração sexual e do trabalho forçado, o tráfico de pessoas envolve outras modalidades criminosas, como a remoção ilegal de órgãos e a adoção ilegal. O aumento do número de brasileiros deportados dos Estados Unidos reflete o crescimento da migração ilegal, com mais de 2.200 brasileiros removidos até outubro deste ano.
O delegado Daher ressalta que os traficantes devem ser responsabilizados por suas ações, enquanto as vítimas devem ser tratadas com dignidade e respeitadas em todo o processo de resgate e reintegração. Ele espera que as ações do centro, em parceria com outras agências, possam continuar a combater esses crimes de forma mais eficiente em 2026.