
A ONU atualizou em novembro seu ranking das maiores cidades do mundo e passou a considerar uma área urbana ampliada de Jacarta, incluindo cidades-satélite como Bogor. Com a nova metodologia, a estimativa chegou a quase 42 milhões de residentes, o que colocou a capital da Indonésia à frente da grande Tóquio.
O levantamento também reposicionou Dhaka, capital de Bangladesh, como a segunda maior cidade do planeta, com 36,6 milhões de habitantes, em uma lista hoje dominada por centros urbanos da Ásia.
Autoridades locais e especialistas indonésios divergem da definição usada pela ONU, mas veem a classificação como um sinal de alerta para os desafios de uma cidade congestionada, poluída e que afunda até 20 centímetros por ano.
O governador de Jacarta, Pramono Anung, afirmou que o número de 42 milhões “não é realmente importante” isoladamente, mas disse que o dado serve de incentivo para reforçar investimentos em transporte e infraestrutura. Ele declarou que pretende destinar 30% do orçamento previsto de US$ 4,9 bilhões em 2026 para melhorar a conectividade e atender entre 3,5 milhões e 4 milhões de pessoas que se deslocam diariamente para trabalhar na capital.

Os planos esbarram nos cortes de repasses anunciados pelo presidente Prabowo Subianto, que reduziu em cerca de US$ 1 bilhão as transferências do governo central para Jacarta e prioriza um programa nacional de refeições gratuitas para crianças em idade escolar.
A situação se soma ao futuro incerto do projeto de mudança da capital para Nusantara, em Bornéu, lançado por Joko Widodo em 2022 com custo estimado em US$ 30 bilhões e hoje com financiamento reduzido. Mesmo com as dificuldades, Jacarta segue concentrando cerca de 16,7% do PIB da Indonésia e permanece, nas palavras do governador, como “uma cidade cheia de sonhos” para milhões de indonésios que buscam emprego e renda na maior economia do Sudeste Asiático.