
Uma foto registrada em uma praia brasileira revela uma realidade que tem se tornado comum no litoral: valores incompatíveis com qualquer noção de consumo popular. O cardápio da chamada Barraca Tropical expõe preços que chegam a causar espanto até em turistas estrangeiros acostumados a destinos caros.
Petiscos simples, tradicionalmente associados a refeições informais à beira-mar, aparecem com valores que ultrapassam R$ 190. Isca de peixe e isca de carne custam R$ 190. Camarão, em diferentes preparos, chega a R$ 200. Um pastel com seis unidades sai por R$ 150 — valor próximo ao de um almoço completo em restaurantes urbanos de alto padrão.
A situação se agrava nos chamados “pratos combinados”. Um peixe com fritas custa R$ 210. O chamado “Prato Geribá” aparece corrigido à caneta para R$ 430. O “Titanic”, que mistura lula, camarão, peixe, frango e fritas, custa R$ 470. Já o “Prato Tropical” alcança R$ 580. Trata-se de um preço superior ao cobrado em muitos restaurantes especializados em frutos do mar, inclusive fora do litoral.
Nos almoços individuais, a distorção se mantém. Filé de frango, peixe ou contra-filé com arroz, fritas e salada saem por R$ 470. Até a anchova completa — arroz, feijão, fritas e salada — segue o mesmo valor. Não há qualquer indicação clara de porções excepcionais ou ingredientes diferenciados que expliquem cifras tão elevadas.

Esse tipo de prática reforça a elitização do acesso às praias, espaços que deveriam ser públicos e democráticos. Frequentadores ficam reféns de preços inflados, muitas vezes sem alternativas próximas, enquanto o poder público se mantém ausente na fiscalização de abusos.
Não se trata de criticar o lucro legítimo de comerciantes, mas de questionar a normalização de valores que afastam famílias, trabalhadores e moradores locais do direito básico de consumir em um espaço público sem serem explorados. Quando uma refeição simples custa metade de um salário mínimo, o problema deixa de ser individual e passa a ser social.
A foto do cardápio não é um caso isolado. Ela serve como retrato de um modelo que transforma lazer popular em privilégio, sob o silêncio das autoridades e a conivência de quem lucra com a falta de regulação.