
O projeto de reestruturação da Polícia Militar de São Paulo prevê aumento de 46% no número de coronéis, passando dos atuais 64 para 94, com impacto estimado de cerca de R$ 120 milhões em 2026. Cada novo coronel teria direito a dois veículos descaracterizados — uma Trailblazer e um Corolla — além de motoristas, seguranças e ordenanças. A previsão inclui até 60 novos carros oficiais, com custo superior a R$ 10 milhões apenas em veículos. Com informações do Estadão.
Cálculos de coronéis ouvidos pelo Estadão apontam que aproximadamente 180 policiais militares seriam deslocados do patrulhamento para atender aos novos coronéis, o equivalente a meio batalhão. O efetivo atual segue com 73.895 cabos e soldados e 13.604 sargentos e subtenentes. O projeto não amplia o número de praças, responsáveis pela maior parte do policiamento ostensivo.
Segundo oficiais da ativa e da reserva, a ampliação do quadro de coronéis também afetaria o fluxo de carreira por cinco anos. A criação simultânea de 30 vagas concentraria promoções em duas turmas específicas, repetindo casos anteriores em que turmas inteiras permaneceram mais tempo no mesmo posto. O projeto também aumenta o total de oficiais de 5.483 para 6.209.

A proposta inclui promoção por merecimento para aproximadamente 2 mil segundos-tenentes após um ano na função, com acréscimo salarial estimado em R$ 2,5 mil. Prevê ainda que futuros aspirantes sejam promovidos diretamente a primeiro-tenente, mantendo a patente de segundo-tenente para praças que alcançarem o oficialato, o que gera impacto anual superior a R$ 100 milhões em salários.
Outro ponto é a restrição do acesso de praças ao oficialato, que passaria a ser permitido apenas a subtenentes, e entre eles apenas aos mais antigos. Com isso, a promoção a segundo-tenente ocorreria já no fim da carreira, limitando a chegada a postos como capitão e major. Coronéis afirmam que oficiais tendem a se afastar do patrulhamento de rua com a nova estrutura.
O governo de São Paulo confirmou que a proposta está em análise. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a avaliação técnica não interfere na contratação de policiais e citou a formação de mais de 9,8 mil novos PMs, com 2,7 mil em capacitação e 2,3 mil vagas autorizadas para concursos.
Críticos, como o coronel da reserva José Vicente da Silva, comparam o aumento de coronéis em São Paulo ao quadro de outros estados e apontam distorções nas proporções entre comando e tropa.