Assédio, ofensas e cobranças indevidas: as reclamações dos turistas em Porto de Galinhas

Atualizado em 31 de dezembro de 2025 às 12:12
Praia de Porto de Galinhas. Foto: Reprodução

Relatos de assédio, ofensas e cobranças indevidas em Porto de Galinhas ganharam novo peso após a agressão a um casal de turistas na praia de Ipojuca, em Pernambuco. O episódio expôs práticas que visitantes dizem enfrentar há anos em um dos destinos mais procurados do Nordeste, que recebe cerca de 1,5 milhão de turistas por ano.

Segundo turistas ouvidos pela coluna de Carlos Madeiro no UOL, há abordagem intensa logo na chegada à areia, falta de transparência nos preços e exigência de consumação mínima para uso de cadeiras e guarda-sóis. “Você fica cercado logo quando chega na praia. Não tem valores de aluguel fixados de modo transparente em lugar nenhum, é tudo no boca a boca”, disse Pablo Quintana, de Goiânia.

Ele diz que a oferta de equipamentos vinha condicionada ao consumo. “Eles ofereceram cadeira e guarda-sol, desde que pagássemos uma consumação mínima. Acontece que, quando você olha o cardápio, o prato mais barato é a partir de R$ 100. A gente fica refém deles”, completou, citando ainda a ausência de policiamento visível.

Aline Pedrosa, de Maceió, contou experiência semelhante em janeiro de 2023. “Foi acertado um valor mínimo de R$ 80 de consumação”, relatou. Mesmo após ultrapassar o valor combinado, ela diz que houve conflito. “Ele começou a gritar e xingar. Levamos na esportiva, pagamos e fomos embora. O lugar é lindo, mas isso marcou”, prosseguiu.

Moradores também relatam problemas. Um frequentador do Recife afirmou que comerciantes ocupam grande parte da faixa de areia logo cedo. “Eles ocupam toda a faixa de areia, não há espaço para você colocar nada. E, se colocar próximo, eles vão lá e reclamam”, afirmou.

Momento em que casal de turistas gays é agredido por barraqueiros. Foto: Reprodução

Diante da repercussão, a governadora Raquel Lyra prometeu medidas para ordenar o comércio nas praias. “Teremos um momento crucial para criar regras muito claras junto ao Procon e à Defesa do Consumidor, com atuação firme da Guarda Municipal e da Polícia”, disse.

O secretário de Turismo de Ipojuca, Deomaci Ramos, afirmou que a prefeitura atua de forma contínua. “Estamos trabalhando em ações com foco na ampliação da fiscalização e no ordenamento da orla”, declarou, citando apuração de denúncias e responsabilização administrativa.

As atividades da barraca envolvida nas agressões foram suspensas por uma semana, e garçons e atendentes foram afastados. O prefeito Carlos Santana publicou um pedido de desculpas. O caso ocorreu após divergência sobre cobrança de R$ 50 que teria sido elevada para R$ 80. Segundo Raquel Lyra, 14 pessoas foram identificadas e serão indiciadas por lesão corporal.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.