A armadilha da delação: se Léo Pinheiro não tiver “provas” melhores contra Lula, ele vai ter de inventar. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 22 de abril de 2017 às 19:34
Leo Pinheiro e o amigo Ultraman

Em seu depoimento a Moro, Léo Pinheiro contou que Lula mandou que ele destruísse provas.

O advogado Cristiano Zanin Martins esqueceu de perguntar ao réu se ele obedeceu à suposta ordem que recebeu (e que ninguém testemunhou).

Se o fez, cometeu crime previsto no artigo 305 do Código Penal.

Pinheiro vai ter de mostrar serviço agora que topou entregar Lula na delação premiada.

Mas o que ele tem manga?

No sábado, dia 22, Pinheiro apresentou as evidências que tinha de que Lula é dono do triplex do Guarujá.

As principais são, segundo a Folha:

. O registro de que dois carros em nome do Instituto Lula passaram pelo sistema automático de cobrança dos pedágios a caminho do Guarujá entre 2011 e 2013.

(O próprio jornal lembra que não há nada que comprove que o destino era o apê).

. Registros de telefonemas entre Pinheiro e gente do Instituto Lula, como Clara Ant, Paulo Okamotto, José de Filippi Jr. e o segurança Valdir Moraes da Silva, a partir de 2012.

(Não existe o conteúdo das conversas).

. Emails mostrando agendamentos de reuniões de Pinheiro com Lula e Okamotto.

(Sem sequer o assunto especificado)

Pinheiro prometeu entregar mais. Ele terá de se esforçar para escapar da armadilha que, ao que parece, criou para si mesmo para agradar a Sergio Moro.

Inventar será uma opção. E isso se chama delação caluniosa.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.