Temer e Rodrigo Maia são farinha do mesmo saco ou cimento da mesma empreiteira. Por Joaquim de Carvalho.

Atualizado em 8 de julho de 2017 às 10:36
César Maia e o filho: propina em nome do pai.

No momento em que os tucanos e a plutocracia olham para Rodrigo Maia como o menino de ouro para conduzir seu projeto, convém a todos prestar atenção na biografia do rapaz. Ou já se poderia chamar de folha corrida?

Em abril, o ministro Édson Fachin autorizou a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigá-lo.

Cinco delatores da Odebrecht relataram uma íntima e antiga relação entre o presidente da Câmara dos Deputados e o departamento de propinas da empreiteira, que em sua contabilidade tratava o político pela alcunha de “Botafogo”.

Em 2008, Maia solicitou e recebeu R$ 350 mil a título de contribuição para campanha. Só que, naquele ano, nem Rodrigo Maia nem seu pai, o ex-prefeito César Maia, disputaram eleição.

Em 2010, Maia voltou a carga e pediu mais uma vez dinheiro para campanha eleitoral. A Odebrecht, segundo os delatores, liberou R$ 600 mil. O dinheiro seria para a campanha do pai de Rodrigo, César Maia.

O presidente da Câmara é citado nas delações de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, João Borba Filho, Cláudio Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares.

A referência a Maia não ficou só na palavra.

Os delatores entregaram o registro da contabilidade do departamento, que tem até a identidade de quem recebia o dinheiro em nome de Maia: João Marcos Cavalcanti de Albuquerque, lotado no gabinete de Rodrigo Maia no cargo de assessor.

Os pagamentos eram feitos a pretexto de campanha eleitoral, mas, segundo os delatores, estavam vinculados à contrapartida de Rodrigo Maia no Congresso Nacional, como a aprovação de medidas provisórias de interesse da Odebrecht.

Na época em que a denúncia foi feita, em abril, Rodrigo Maia negou que tenha recebido propina da empreiteira e disse que confiava na justiça.

“Há citações de delatores, que o processo vai comprovar que são falsas e os inquéritos serão arquivados”.

Por enquanto, não há processo.

Ele é investigado pela suspeita de ter praticado o crime de corrupção passiva, o mesmo crime de que é acusado Michel Temer, a quem parte dos tucanos quer que ele suceda.

Entre Maia e Temer, há muito mais em comum do que Moreira Franco, amigo de Temer e marido da sogra do presidente da Câmara dos Deputados.

Em bom português, eles são farinha do mesmo saco.

Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com