As dez maiores femme fatales do cinema

Atualizado em 14 de março de 2013 às 15:16

Que seria dos filmes noir e de nós sem aquelas mulheres lindas, traiçoeiras e fatais?

Rita Hayworth como Gilda

Os filme noir começaram a fazer sucesso nos anos 40, tornaram-se proeminentes na época pós-guerra e duraram até mais ou menos os anos 60. O enredo de um filme noir costumava girar em torno de um personagem masculino cínico, insensível e desiludido (interpretado por atores como Humphrey Bogart, Robert Mitchum ou Fred MacMurray) que encontrava uma femme fatale linda, mas promíscua, amoral, traiçoeira e dissimulada (interpretada por atrizes como Veronica Lake, Mary Astor, Lana Turner ou Barbara Stanwyck). Femme fatale significa, literalmente, “mulher fatal”.

As garotas dos filmes noir provinham de dois tipos: a mocinha prestativa, fiel, confiável, amável e obediente; ou a mulher enigmática, irresponsável, falsa, perversa e manipuladora. Em geral, o protagonista procurava se esquivar de seu passado misterioso e escolher qual caminho trilhar.

Quando o protagonista era um detetive, costumava ser envolvido e preso em uma teia de crimes complexa que o levaria a evidências sufocantes de corrupção, amor e morte. A femme fatale, transgressora da normas sociais com suas ações alarmantes, conduziria ambos à ruína. Escolhemos dez das mais famosas e cruéis anti heroínas ou vilãs do cinema noir.

10 – Velma Valento/Helen Grayle (Claire Trevor) – Até a Vista, Querida (1944)

Baseado no livro “Adeus, minha Adorada”, de Raymond Chandler, esta é considerada uma das melhores adaptações de romances de Chandler para o cinema. O detetive particular alcóolatra e mulherengo Philip Marlowe é interpretado por Dick Powell, e encontra-se procurando pela antiga amante do vigarista Moose Malloy, a ruiva Velma Valento, que entregara o amante para a polícia havia oito anos.

Durante a investigação de um assassinato, Marlowe faz uma visita à mansão da família Grayle em Brentwood, onde encontra Mr. Grayle e sua esposa, a loira sedutora e promíscua Helen, muito mais nova do que o marido. Aliada ao chantagista e ladrão Jules Amthor, Helen estava envolvida em um esquema comprometedor de assassinatos e de farsas.

A misteriosa, sexy e esquiva Helen Grayle contrata o detetive para localizar um colar de jade roubado. Marlowe se envolve em um arriscado submundo, sendo enredado e ameaçado por desprezíveis criminosos de alta ou baixa classe. Por fim, temos o surpreendente desfecho.

9 – Kathie Moffat (Jane Greer) – Fuga do Passado (1947)

Narrado em forma de flashbacks, a trama de Fuga do Passado gira em torno do ex detetive particular Jeff Markham, interpretado por Robert Mitchum, que é contratado por um gângster para encontrar a ex amante deste, Kathie, uma morena charmosa e totalmente imoral, que roubou 40.000 dólares do amante e fugiu para o México.

O detetive se apaixona perdidamente por Kathie, que se faz de inocente e meiga, e não percebe como é perigosa. Ambos desejam escapar do passado, mas percebem que os atos que cometeram nele irão influenciar seu futuro e provocar consequências fatais.

Após assassinar Whit, Kathie dá a Jeff a oportunidade de escolher entre fugir com ela ou ser responsabilizado pelo assassinato, declarando que ele não serve para ninguém além dela. “Você não presta, nem eu”, afirma a femme fatale, “e é por isso que nos merecemos”.

 

8 – Cora Smith (Lana Turner) – O Destino Bate à Sua Porta (1946)

Adaptado de um romance de James M. Cain, O Destino Bate à Sua Porta conta com uma femme fatale provocante, temperamental e manipuladora. O filme gira em torno da paixão ilícita entre Frank Chambers e a garçonete loira Cora Smith.

Numa cena clássica, Frank vê pela primeira vez a voluptuosa Cora. A câmera passa lentamente pelas pernas de Turner, e então Frank a observa por inteiro. E apaixona-se imediatamente. Propõe a ela que fuja com ele a fim de escapar da vida entediante que leva. Cora persuade o amante a assassinar seu marido.

7  – Christine Vole (Marlene Dietrich), Testemunha de Acusação (1957)

Testemunha de Acusação, baseado em um conto de Agatha Christie, conta com Tyrone Power e Marlene Dietrich nos papéis principais, como o casal Leonard e Christine Vole.

No início do filme, Leonard Vole é acusado do assassinato de Emily French, uma velha rica com quem, segundo os boatos, tinha um caso. Charles Laughton interpreta maravilhosamente o advogado Sir Wilfrid Robarts, que aceita representar Leonard nos tribunais e investigar o caso.

A femme fatale, no caso, é a Christine Vole, esposa alemã de Leonard, que foi atriz e dançarina de cabaré. Ao contrário do esperado, Christine não testemunha a favor do marido no tribunal – e sim contra ele, alegando que ele realmente assassinou sua protetora.

6 – Kitty Collins (Ava Gardner), Os Assassinos (1946)

Esse clássico filme noir é baseado em um conto de Ernest Hemingway, contado em flashbacks que acontecem depois de uma sequência na qual o protagonista é assassinado. É uma história de roubo, amor não recíproco e muitas traições brutais.

Dois assassinos de aluguel matam o ex-boxeador Ole ‘Swede’ Andersen, interpretado por Burt Lancaster, escondido em uma cidadezinha de New Jersey sob um pseudônimo por seis anos. Ele é avisado, mas mesmo assim parece indiferente com a situação e espera por sua morte.

Ele aceita a morte estoicamente porque admite que “fez algo de errado, no passado” – referindo-se ao complexo enredo criminoso que consiste na principal história do filme, e que gira em torno de uma bela, elegante, manipuladora e maldosa femme fatale chamada Kitty Collins. Em uma festa, Swede conhece e fica fascinado pela estonteante Kitty e o submundo do crime ao qual ela, seus amigos e seu namorado, o ardiloso criminoso Colfax, pertencem. Após passar alguns anos na prisão ao assumir um crime cometido pela femme fatale, cai novamente sob o feitiço da traiçoeira Kitty.

Uma noite antes do roubo que ele e os cúmplices tinham planejado, ela lhe diz que Swede será traído por Colfax. Ela o persuade a se vingar de Colfax roubando todo o dinheiro do assalto para si. Kitty mente para o jovem apaixonado, alegando que aquele dinheiro iria permitir que ela se afastasse para sempre do namorado. Confiando cegamente em Kitty, passa a perna em toda a gangue e fica com o dinheiro somente para si, fugindo com Kitty. Mas é enganado pela jovem, que o rouba e foge.

5 – Laura Hunt (Gene Tierney) – Laura (1944)

Mesmo não sendo a típica femme fatale, Laura merece um lugar nessa lista. Dada como morta no início do filme, Laura continua gerando uma obsessão quase que doentia em praticamente todos os personagens.

O detetive Mark McPherson, interpretado por Dana Andrews, é contratado para investigar seu assassinato. McPherson apaixona-se pela jovem morta do retrato. Temos como principais suspeitos Waldo Lydecker, um jornalista homossexual que fora amigo de Laura e seu confidente, e que a ajudara a tornar-se uma executiva bem sucedida, seu ex-noivo, um mulherengo sulista, e a tia solteirona e rica.

4 – Phyllis Dietrichson (Barbara Stanwyck), Pacto de Sangue (1944)

A adaptação feita por Billy Wilder e Raymond Chandler do romance de James M. Cain incluía uma loira persuasiva e sinistra – uma bela, perspicaz, descarada e insatisfeita dona de casa chamada Phyllis Dietrichson, que convence seu amante, o agente de seguros Walter Neff, a ajudá-la a matar seu marido entediante, de forma que possam dividir o seguro de indenização duplo do pobre homem.

Após combinarem os detalhes do assassinato, esperam que as circunstâncias corretas se apresentem.O assassinato acontece quando Phyllis leva o marido para a estação de trem – e Neff o estrangula.

 

3 – Gilda Farrell (Rita Hayworth), Gilda (1946)

Rita Hayworth aparece nesse filme sombrio com seu erotismo polido e sofisticado, seus cabelos ruivos exuberantes e um corpo esbelto e curvilíneo. A bela Rita interpreta a sexy e misteriosa esposa do dono de um cassino na argentina, que recentemente contratou o jovem apostador Johnny Farrell como gerente de seu cassino.

Johnny também é encarregado de vigiar Gilda, com quem teve um envolvimento no passado e a quem odeia mais do que qualquer outra pessoa por um motivo que não nos é revelado. Para torturar o ex-amante e inflamar ainda mais o amor obsessivo e ciumento dele, Gilda dança e flerta com muitos outros homens. Quando seu marido misteriosamente “morre”, Johnny assume o controle do cassino e trata Gilda de forma quase sádica depois de forçá-la a se casar com ele. Em uma cena célebre do filme, a estapeia quando a encontra fazendo uma performance musical para os frequentadores do cassino, ao som de Put The Blame On Mame.

A cena da dança é a mais famosa de todo o filme. Nela, em seu vestido de cetim negro e tomara-que-caia, Gilda realiza uma indecente e sexy performance enquanto tira suas longas e negras luvas para a platéia.

2 – Ellen Berent Harland (Gene Tierney), Amar foi Minha Ruína (1945)

No filme noir “Amar foi minha ruína”, Gene Tierney interpreta a linda e ameaçadora Ellen Harland. Gene personificou Ellen com perfeição: bipolar e depressiva, emprestou muito de si mesma para sua personagem.

O título original do filme, “Leave her to heaven”, faz menção a uma cena de Hamlet, na qual o fantasma do pai de Hamlet aparece para suplicar que o filho não procure vingança contra a mãe, a perversa Rainha Gertrude, que o envenenou. “Deixe-a para os céus”, pede o fantasma, “e àqueles espinhos que lhe crevem o peito a pungí-la e aguilhoá-la.”

Ellen é uma jovem elegante, atraente e determinada que, ao conhecer o escritor Richard Harland, apaixona-se perdidamente por ele – cuja aparência fazia com que ela se lembrasse do pai, por quem guardava um amor intenso e obsessivo, um tipo de complexo de Electra. Ellen rompe com o noivo, um político ambicioso, e se casa com Richard.

A partir de então, passa a persegui-lo com um amor possessivo, declarando enfaticamente que “nunca o deixaria partir – nunca, nunca, nunca”. Esse amor a leva a realizar inúmeras crueldades.

1 – Madeleine Elster/Judy Barton (Kim Novak), Um Corpo Que Cai (1958)

O filme de Hitchcock, realizado em 1958, é um hipnotizante thriller que gira em torno de um romance macabro e condenado desde o início. Embora não seja tecnicamente um filme noir, é considerado o último filme noir.

Seu tema é o amor desesperado por uma ilusão, um estudo psicológico de um homem desesperado e inseguro que sofre de medo de altura e vertigem. O filme tem início quando o ex-policial Scottie é contratado por um velho amigo para seguir sua neurótica esposa, a suicida em potencial Madeleine.

Ele a vê pela primeira vez em um restaurante, e é salva por ele quando quase se afoga. Scottie a leva para seu apartamento, onde conversam pela primeira vez. Scottie logo se apaixona pela beleza enigmática de Madeleine e a beija apaixonadamente à beira da água, enquanto as ondas turbulentas atingem melodramaticamente as rochas atrás deles. Ainda assim, ele é incapaz de evitar a queda suicida de Madeleine da torre do sino de uma igreja. Consequentemente, Scottie tem um colapso nervoso.

Então, encontra uma jovem morena chamada Judy Barton, que se parece muito com Madeleine. Logo, faz com que Judy se apaixone por ele e começa a transformá-la em seu amor perdido, a fazendo tingir os cabelos de loiro, usar o mesmo penteado e os trajes que Madeleine usava, com o relutante consentimento de Judy, que supõe que, caso ele a deixe tão parecida quando a mulher que amava, vai acabar por amá-la também.