Cansou: com desaprovação crescente, a questão para Moro é sair de cena sem grandes vexames. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de dezembro de 2017 às 20:59
Acabou

A fama é cruel. “Os homens dormiam com Gilda e acordavam comigo”, dizia Rita Hayworth.

O juiz Sergio Moro acreditou no personagem que Globo e quejandos criaram para ele. Saiu nas capas de revistas, virou estandarte de malucos na Paulista, foi paparicado por artistas, premiado, ganhou página no Facebook da mulher.

Hoje é refém da acelerada que deu — ou lhe fizeram dar.

A nova pesquisa Ipsos indica que mais da metade da população o desaprova: 53%, contra 40% que o aprovam. É a primeira vez que o levantamento, iniciado em 2015, mostra esse contraste.

Em novembro, Moro era aprovado por 50% da população. Caiu 10 pontos, portanto. Em contrapartida, o sujeito que ele deveria matar, Lula, teve alta de aprovação: 45%.

A Lava Jato cansou. O enredo é o mesmo, os argumentos não evoluem, os atores são canastrões. Moro e os procuradores acharam normal ir a pré-estreias de filmes picaretas, dar palestras a torto e a direito, dar lições de moral aos mortais.

(Some-se a isso as inúmeras irregularidades, denunciadas aqui mesmo no DCM).

Chama-se super exposição. Cansou.

A questão agora é: como sair dessa enrascada com o menor dano possível? 

A mesma indústria que alçou o magistrado à condição de celebridade já o está chutando. Depois de quatro anos de perseguição insana a Lula, o resultado é o crescimento do petista em todas as sondagens eleitorais, com a diminuição da taxa de rejeição.

O TRF 4 vai condenar Lula no dia 24 de janeiro porque se meteu, com Moro, num beco sem saída. Mas eles já são perdedores — ética, moral e eleitoralmente. E ninguém gosta de perdedores. Principalmente quem manda neles.

Foi assim com Joaquim Barbosa. Sergio Moro precisa sair de cena, para outro entrar no seu lugar.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.