Quem é Olga Zucolotto, mãe do amigão de Moro, que manobrou para fugir de execução fiscal. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 11 de janeiro de 2018 às 12:19
Olga Zucolotto, que se livrou do processo por fraude fiscal, e Moro

Ainda é cedo para tirar qualquer conclusão, mas Luis Nassif puxou hoje o fio de um novelo que pode ir longe.

O artigo do jornalista revelou a manobra da mãe do amigo do juiz Sergio Moro Carlos Zucolotto Júnior para fugir de um processo de execução fiscal.

Olga Zucolotto fez a transferência de um imóvel para o nome do filho e, diante do risco de ser condenada por fraude fiscal, mudou de estratégia, como contou Nassif:

A mãe do primeiro-amigo de Sérgio Moro, Carlos Zucolotto Júnior, foi executada pela Secretaria da Receita Federal por dívidas fiscais.

Foi penhorado um imóvel de sua propriedade.

Logo depois da penhora, a mãe transferiu o imóvel para o filho, às pressas. O registro continuava em nome dela, a propriedade sendo do filho. A Receita entrou com denúncia de fraude fiscal. Com isso, o imóvel ficaria sujeito a um confisco e os Zucolotto incursos em crime fiscal.

Rapidamente, mudaram a estratégia. A mãe voltou atrás e afirmou que o imóvel era dela mesmo, pois o registro continuava em seu nome. E, estando em seu nome, como morava nele, era bem de família.

O juiz de 1ª instância deu ganho de casa à mãe do primeiro amigo. E a decisão foi confirmada pelo desembargador Jorge Antônio Maurique.

Fotos do imóvel foram juntadas no processo pela Procuradoria da Fazenda Nacional — não parece luxuoso –, mas seria um bem passível de execução desde que Olga tivesse outro imóvel — não fosse um bem de raiz, destinada à sua moradia.

E, ao que parece, não é. Se fosse, não estaria sendo executado.

Foto do apartamento que estava penhorado

Olga Zucolotto não é mulher desprovida de recursos.

Nos registros da Justiça, ela aparece como proprietária de um posto de combustível na cidade de Porecatu, a 120 quilômetros de Londrina.

Responde a alguns processos na Justiça trabalhista.

O caso da fraude fiscal já tinha sido revelado num comentário postado em um artigo de outro site da mídia independente, o Tijolaço, de Fernando Brito, em setembro deste ano, no post Ainda há dignidade entre os juízes do Brasil.

O texto é sobre a participação de Moro no tapete vermelho da pré-estréia do filme sobre a Lava Jato. Alguém, que assina Patrice, provavelmente um nome fictício, escreveu, bem didático:

Salvo engano, acho que os fatos, interpretações e relações familiares são como seguem.

A União (Fazenda Nacional) logrou obter por um tempo a penhora de um imóvel da devedora Olga (Kintschev) Zucoloto, mãe do amiguinho do Moro.

Esse mesmo da foto com o Skank que, também, no restaurante da família, aparece em vídeo ao lado de um áulico Fagner e do próprio Moro em uma daquelas peças marqueteiras medíocres destinadas a popularizar o juiz de corte fascista.

Carlos Zucoloto Jr., o qual, profissionalmente, grafa como Zucolotto.

Mas, voltando.

Olga chegou a ser acusada de fraude à execução, que é mais grave do que fraude ao credor.

Fraude à execução é a fraude ao credor acrescida do fato de que, já decidida a execução (penhora) do bem em favor do credor, o devedor no meio do caminho tenta ludibriá -lo, frustrá -lo, disfarçando ou alienando de fato para terceiros a propriedade do bem a executar .

No caso, um imóvel de Olga que teria sido passado ao filho, Carlos Zucoloto Jr. e à sócia dele no escritório de advocacia e na empresa de assessoria empresarial Etoile. Talvez casados, os dois?

Lutando contra a perspectiva de reversão da penhora, o que mais adiante acabou acontecendo, e não podendo mais retornar a propriedade do imóvel à devedora Olga, a União passou a argumentar que, por lei, este bem restava penhorável por Olga não atender uma dupla e concomitante condição:

(1) O devedor deve morar no imóvel; e
(2) O devedor deve ser proprietário do imóvel

Olga atendia a primeira, mas não a segunda dessas condições, visto que havia passado o imóvel ao filho e à sócia dele.

Mesmo assim, a União viu a decisão pela penhora ser reformada em favor de Olga. Alegou-se, no caso, se tratar de um bem residencial de família.

Mas há uma grande ironia neste processo.

Na ementa (resumo da apelação que Olga moveu contra a penhora) constam dois itens. A saber:

Embargos à execução fiscal. Bem de família.

(1) Demonstrado que o imóvel se trata de bem de família (sic), deve ser desconstituída a penhora; e
(2) O titular do direito de propriedade é aquele em cujo nome está transcrita a propriedade

Ou seja, á certa altura do processo, ficou defendido que “o titular do direito de propriedade é aquele em cujo nome está transcrita a propriedade”.

A assertiva vale para Olga. Mas não para Lula e o caso do triplex em nome da OAS e da CEF como garantia?

Olga, família e o entorno de amigos são pródigos em postar nas suas redes sociais aqueles links sabujos e moralistas em apoio ao Moro. Como, também, links de uma grande ética evangélica.

A salvação em Moro e no Evangelho.

Porém, façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.

Olga, a devedora, não deveria responder à penhora com o imóvel porque, além de bem residencial de família, os proprietários eram o seu filhote e a talvez nora.

Mas, para os Zucolotos, a certeza de que Moro é Deus e Lula é o dono do triplex cujo título de propriedade é – e sempre foi – da OAS desde que ela assumiu.

Moro, amigos e fãs. Justiça à la carte, sem constrangimentos e de moralidade seletiva.

Olga Zucolotto não é uma mulher alheia ao trabalho de Moro.

No dia 13 de setembro de 2015, ela mostrou no Facebook a intimidade que tem com o juiz. Ela postou duas fotos de um almoço de amigos em Curitiba, uma delas em abraço no grande amigo do filho.

Uma amiga do Facebook comentou:

— Aeee dona Olga.. Tietando rs.
Outra, de sobrenome Moro, destacou: 
— Quanto orgulho deste homem! Que Deus abençoe a vida dele, cada dia.
Outra perguntou:
— Conta aí dona Olga. Quando vai ser o dia dos rojões?
— Fala pra ele prender logo o Lula e a Dilma kkkkk. 
Olga diz que perguntou:
— Já falei. Ele só deu risada, disse que seria o maior foguetório do Brasil, adoro.
E reforça:
— O maior foguetório no Brasil. Ele só sorri.
Cinco meses depois dessa postagens, Moro determinou a condução coercitiva do ex-presidente.
Olga Zucolotto informa em seu Facebook que é da Primeira Igreja Batista e mora em Londrina. Nas suas postagens, dois temas são predominantes: o ódio ao PT, Lula e Dilma e versículos bíblicos.
Nos comentários sobre a postagem com Moro, uma mulher, provavelmente evangélica como ela, afirmou:
— Que ele seja guardado em nome de Jesus !!!!!
Zucolotto (no centro), o melhor amigo
O ódio ao PT presente nas postagens de Olga Zucolotto
Versículos bíblicos também são constantes no facebook de Olga Zucolotto
Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com