
A desistência — por ora, ao menos — de Luciano Huck é, sobretudo, um atestado do fracasso de FHC.
A notícia foi antecipada por Lauro Jardim em sua coluna no Globo. Huck teria rascunhado algumas linhas para explicar seus motivos.
Não se filiará a partido algum, diz Lauro, mas continuará analisando as “questões relevantes” do Brasil.
“Com o mergulho que fiz nos últimos meses, me sinto preparado a discutir qualquer assunto”, teria falado a um interlocutor, que provavelmente é o próprio colunista.
Huck tem muito mais a perder do que a ganhar numa aventura dessas.
Apenas na última semana ele foi notícia pelo jatinho comprado com dinheiro barato do BNDES. O dinheiro público financiou 85% do brinquedo.
Captou 20 milhões de reais pela Lei Rouanet para seu instituto, contou o Tijolaço.
Antes disso, o DCM mostrou os rolos de Huck com o Itaú e com Alexandre Accioly, apontado como laranja de Aécio na Lava Jato, sócio do apresentador na academia Bodytech e em outros negócios.
Imagine o que apareceria durante a campanha.
Huck fica na boa em casa, contando suas moedas, calculando a próxima loucura, loucura, loucura.
Fernando Henrique sai como o grande perdedor.
Tentou emplacar o jovem padawan no PSDB, em absoluto desespero diante do desempenho de Alckmin, dando de barato que o tucano não tem chance alguma.
Humilhou Geraldo publicamente. Este assistiu a tudo calado, como é de seu feitio. Fizera o mesmo com Doria, que se queimou sozinho.
Desta vez, quem se estropiou foi FHC. Com exceção do Merval, ninguém o leva a sério.
Com a saída de cena de Huck, ele vira definitivamente aquele tio encostado na festa da família, as mãozinhas crispadas em seu sofá, que volta e meia dá um berro maluco, as pessoas se assustam — e ele volta a ser ignorado.
Ninguém pode se surpreender se o veterano líder não tiver uma última ideia brilhante para seu partido em 2018: ele mesmo.