O fascismo não necessita de muito mais além de ignorância política e força bruta. Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 11 de agosto de 2018 às 16:10
Afrânio Silva Jardim

Publicado originalmente na fanpage do Facebook do autor

POR AFRÂNIO SILVA JARDIM, professor de Direito da Uerj

Tenho para mim que muito da dramática realidade social que estamos vivenciando decorre de um sórdido “trabalho”, sistemático e permanente, da grande imprensa no sentido de despolitizar o cidadão brasileiro.

A mídia empresarial criou, na opinião pública, a falsa crença de que a política é “coisa” perversa e que todos os políticos são corruptos ou incompetentes.

Parece que parte do Poder Judiciário e parte do Ministério Público também restaram “seduzidos” por esta falácia …

Ministério Púbico e Poder Judiciário estão criminalizando a política, fingindo desconhecer que era lícito o financiamento empresarial das campanhas políticas. Quaisquer atividades legislativas ou administrativas que vieram a beneficiar determinado segmento empresarial, eles tipificam como crime de corrupção passiva, sem um nexo de causalidade mais próximo e bem definido com a doações anteriores.

A Política e o Direito operam em patamares morais distintos. O Direito não se confunde com a moral. O Direito há de estar positivado nas normas jurídicas, enquanto a moral está na mente das pessoas.

A má-fé é patente, pois estas empresas de comunicação sabem muito bem que não há país no mundo sem governo e não há governo sem política. Não há como liderar sequer um grupo social sem negociar com apoiadores e adversários. Tudo em sociedade é regido pela política !!!

O resultado desta desinformação é gritante. As pessoas se mostram contraditórias, pois não têm condições de compreender corretamente os acontecimentos econômicos, políticos, jurídicos e sociais.

Tudo isso cria, na população, uma postura de total alienação ideológica, um falso moralismo e um nacionalismo exacerbado, campos ideais para a fertilização do fascismo.

Alguns poucos candidatos à Presidência da República bem representam estas posturas totalitárias e conservadoras. Estes políticos fazem política dizendo que não são políticos ou vão governar sem fazer política, como se isso fosse possível.

Estes candidatos são truculentos e intolerantes e isto agrada aos seus eleitores, que apreciam a ignorância e soluções simplistas para problemas complexos. Continuam com os velhos e desgastados bordões: defesa da família e de falsos valores religiosos, combate à corrupção e ao comunismo (que sequer sabem o seu real significado) !!!

São moralistas hipócritas e agem em desacordo com os princípios cristãos. Pregam ódio e discriminação social.

O momento é perigoso e estamos correndo algum risco de cairmos no obscurantismo e em alguma espécie de “terror social”, com perseguição e extermínio de minorias.

Desta forma, temos de, incessantemente, criar uma espécie de “corrente de esclarecimento” à população menos informada. Temos de alertar sobre o perigo do fascismo em nosso meio social. Enfim, só temos uma saída: DEMOCRACIA NELES !!!