A atriz Cláudia Rodrigues postou na rede social uma foto sorrindo com a crachá da Globo. Ela segura o documento de identificação funcional como se estivesse exibindo um troféu. E em certo sentido, está mesmo segurando um troféu.
O troféu da persistência, de quem venceu a luta contra um gigante.
Cláudia Rodrigues foi demitida da emissora em 2013, depois de ser diagnosticada com uma doença rara, a esclerose múltipla, que dificulta os movimentos de seu corpo.
Há imagens de Cláudia em cadeiras de roda, chorando, em situação de muita debilidade. Na foto que postou na rede social, ela agora ri, triunfante.
Cláudia é hoje a imagem de uma vencedora.
Ela venceu a batalha judicial contra a Rede Globo e foi reintegrada ao quadro de funcionários da emissora.
Além do direito de voltar a trabalhar, ela também receberá os salários referentes aos últimos três anos.
A decisão foi sacramentada no último dia 3. Adriane Bonato, empresária da atriz, contou que Claudia fez exame médico admissional e também um check-up para provar à emissora que está em condições de trabalho.
“Agora permanece tudo como se ela nunca tivesse sido mandada embora. Ela está há cinco anos se preparando para essa volta”, contou a empresária.
Na época em que foi desligada, a Globo se comprometeu a pagar mais alguns meses de plano de saúde. Mas, segundo a atriz, não foi bem o que ocorreu.
Ela teve que pagar pelo próprio tratamento e foi vítima de discriminação por ser portadora da doença.
A Globo poderá recorrer da decisão. Mas, se o fizer, arranhará ainda mais sua imagem. Como mostrou o exame médico admissional, a atriz, mesmo portadora da doença, pode trabalhar.
A emissora que arrume um papel para ela. Quem sabe possa fazer um programa para mostrar as injustiças no mercado de trabalho ou sobre políticas de inclusão.
Cláudia pode fazer isso com leveza. Talento não lhe falta. Inteligência também não.
Na vida real, é o oposto da personagem Ofélia, um de seus sucessos na TV, cujo bordão mais famoso era:”Eu só abro a boca quando tenho certeza.”
Quando Cláudia entrou na justiça contra a antiga empregadora, quem não a levou a sério se deu mal. Cláudia provou que tem valor, não era um objeto a ser descartado.
E quanto a demissão dela contribuiu para o agravamento da doença nos primeiros meses?
Os portadores de deficiência não são descartáveis porque invalidez é um conceito muito relativo.
Deve haver na TV (e no mercado de trabalho como um todo) espaço para abrigar talentos que estão muito além dos rostinhos bonitos e dos corpos sarados do elenco de Malhação.