
Publicado originalmente na fanpage de Facebook do autor
POR CAETANO VELOSO
Conheci #Miúcha em Salvador. Ela estava grávida de Bebel Gilberto. Agradeço a #CarlosCoqueijo ter tido contato com essa pessoa especial em momento tão significativo: ele quis que a turma de música do Vila Velha conhecesse #JoãoGilberto, então casado com ela.
Ao longo dos anos, Miúcha teve presença sempre luminosa em minha vida.
Tanto como artista quanto como pessoa. Tornei-me camarada constate de Chico Buarque no período de idas e vindas Rio-São Paulo. Fui umas poucas vezes à casa dos Buarque de Hollanda. Conheci os outros irmãos de Chico, mas Miúcha, que eu já encontrara antes, vivia nos Estados Unidos, depois no México.
Sua musicalidade e a força que esta teve na formação de Chico é fato que este atesta ao lembrar treinamentos recreativos de abertura de vozes harmônicas. E ela aparecia cantando lindamente com João no segundo álbum deste com #StanGetz.
De volta ao Brasil, Miúcha nos aproximou de #JoãoDonato, com quem apareceu muitas vezes em meu apartamento na Delfim Moreira. Também foi com ela que #TomJobim foi umas vezes nos visitar. Sempre sorridente e gostando muito de viver, Miúcha era toda música, na intimidade ou no palco do #Canecão. Com Vinicius e Tom. E em todas as gravações solo que fez.
Anos depois, aquela participação divina no show de #Bethânia! E agora, enquanto escrevo estas palavras diante da notícia de sua morte, Cézar Mendes me diz que “Aquele Frevo Axé”, canção que amo apaixonadamente, parceria dele comigo, foi a última música que Miúcha gravou.
Paro de escrever e vou pedir a Cezinha que ponha a gravação para eu ouvir (a faixa será lançada em breve).