“A maior traição dentro do governo Bolsonaro”, diz assessor olavista do MEC demitido

Atualizado em 8 de março de 2019 às 18:58
Ricardo Vélez Rodriguez, ministro da Educação

O ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, demitiu olavistas após o guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, dizer nas redes que seus alunos deveriam sair do governo.

O “assessor especial” de Rodríguez, Silvio Grimaldo de Camargo, fez um desabafo no Facebook. 

“O expurgo de alunos do Olavo de Carvalho do MEC é a maior traição dentro do governo Bolsonaro que se viu até agora. Nem as trairagens DO Mourão ou do Bibiano (sic) chegaram a esse nível”, escreveu.

Só para deixar claro, eu não fui expulso do MEC. Trabalho com o professor Vélez desde a transição.

Na verdade, desde antes, ainda durante a campanha, quando numa reunião em minha casa, eu e um amigo recomendamos seu nome para o ministério, assim como uma porção de nomes que agora são deslocados para funções inócuas, sem serem demitidos ou exonerados.

Durante o carnaval, estando fora de Brasília, fui avisado por telefone de que perderia minhas funções no gabinete e seria transferido para a CAPES, onde deveria enxugar gelo e “fazer guerra cultural”.

O cargo era apenas um prêmio de consolação pelos serviços prestados, uma política comum com os que se tornam indesejados no MEC.

Dada a absurdidade da proposta, que veio como uma decisão tomada e consumada, e vendo que o mesmo destino fôra dado a outros funcionários ligados ao Olavo (apenas olavetes foram transferidos) e mais alinhados com as mudanças propostas pela eleição de Bolsonaro, não vi outra saída senão comunicar ao ministro meu desligamento pedir minha exoneração, que deve sair nos próximos dias.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.