Cerco a Toffoli: Deltan precisa ser preso antes de acabar de destruir as provas de seus delitos. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 1 de agosto de 2019 às 8:20
Deltan Dallagnol

Nova leva de diálogos da Vaza Jato mostram Deltan Dallagnol mandando investigar o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, visto como inimigo da causa.

Dallagnol buscou informações sobre as finanças pessoais do atual presidente do STF e da mulher dele, Roberta Rangel, além de evidências que os ligassem a empreiteiras. 

“Caros, a OAS touxe a questão do apto do Toffoli?”, diz ele, em 13 de julho de 2016, aos procuradores que negociavam com a empresa acordo de colaboração.

“Que eu saiba não”, responde o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes, de Brasília.

“Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela”, pede Dallagnol.

Recorreu à Receita Federal para levantar informações sobre o escritório de advocacia de Roberta.

Gilmar Mendes também estava na mira.

“Tem uma conversa de que haveria recebimentos cruzados pelas esposas do Toffoli e Gilmar”, conta Deltan ao procurador Orlando Martello.

“Tem mta especulação. Temos a prova disso na nossa base? Vc teve contato com isso?”

A Folha aponta que os magistrados STF não podem ser investigados por procuradores da primeira instância.

Segundo a Constituição, só com autorização do próprio tribunal, onde quem atua em nome do Ministério Público Federal é o procurador-geral da República.

Pelos critérios da operação que comandava com Sergio Moro, Dallagnol já estaria em cana. Preventiva na cabeça.

Já falei disso e repito aqui: se fosse o que prega, já teria pedido demissão.

Fosse o Brasil sério, estaria atrás das grades.

Ele precisa ser preso, entre outros motivos, antes de terminar de destruir as provas de seus crimes.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.