O sonho americano de Eduardo foi barrado na fronteira da milícia bolsonariana. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 22 de outubro de 2019 às 12:20
Eduardo Bolsonaro

Existe uma licença poética nessa novela mexicana que se transformou a nomeação de Eduardo Bolsonaro como embaixador nos Estados Unidos da América.

Contra todos os mais básicos princípios de probidade administrativa e impessoalidade na administração pública, Jair Bolsonaro insistiu em dar o melhor do “filé” para o filho tendo como fundamento exclusivamente essa sua única “qualificação”: ser seu filho.

Alvejado por críticas das mais diferentes formas, inclusive por apoiadores que um dia chegaram a acreditar que a “mamata iria acabar”, o sonho americano do Dudu foi ficando cada vez mais longe justamente quando mais próximo se enxergava a fronteira a ser ultrapassada.

O problema é que mil vezes mais difícil do que entrar em território americano é sair do lamaçal no qual se está afundado até o pescoço.

Com a imagem do governo em frangalhos, desastres ambientais se sucedendo e se acumulando, casos de corrupção borbulhando nos quatro cantos da Esplanada dos Ministérios e a cúpula do PSL se engalfinhando por espaço e poder, o ambiente político para satisfazer mais um capricho dos “garotos” se desfez com a mesma velocidade com que um latino é deportado pelo governo Trump.

E como não é fácil acalmar os choramingos de meninos mimados, o presente de consolação veio com a liderança do PSL, uma “honraria” que em tempos normais seria avaliado como um castigo duro por malcriações.

Numa disputa que alijou aliados de primeira ordem, papai Bolsonaro se comportou como o brucutu que é que briga com os professores por causa das notas baixas do filho.

É simplesmente a cara desse governo.

No fim, não deixa de ser um mimo para o zero três.

Se por um lado não vai mais poder fritar hambúrguer nos USA, por outro terá muito abacaxi para descascar no hospício miliciano que se formou ao redor do Palácio do Planalto.

E contra a temperatura que se eleva a cada dia no Congresso Nacional, sempre terá um laranjal inteiro à sua disposição.

É o refresco que a família Bolsonaro toma para apaziguar os ânimos quando os desejos pessoais da turminha são contrariados.

Verdade seja constatada, matéria prima é o que não falta.