Mea culpa da direita chilena. Por Moisés Mendes

Atualizado em 24 de outubro de 2019 às 9:13
19.out.2019 – Presidente do Chile, Sebastián Piñera, ao declarar estado de emergência em Santiago
Imagem: Divulgação/Presidência do Chile via AFP

O Diario El Mercurio é O Globo do Chile. Apoiou a ditadura de Pinochet, é a voz dos reacionários do país (não dos conservadores, mas dos reaças mesmo) e combate tudo que vem das esquerdas e dos movimentos sociais.

Para El Mercurio, o Chile é a Dinamarca latino-americana. Pois fui dar uma olhada geral na cobertura do levante. O tom é quase de aceitação da revolta como algo normal numa democracia.

E isso que os manifestantes tentaram colocar fogo na sede do jornal. Na manchete de hoje, o diário diz que Piñeda fez o mea culpa e decidiu propor medidas na área social, para tentar conter a revolta.

Colunistas do jornal escrevem até que os sinais de que algo poderia acontecer já vinham sendo dados. O povo não aguentava tanta desigualdade.

Luís Nassif lembrou esses dias que El Mercurio publicou há pouco tempo um editorial em que comemorava: graças ao liberalismo implantado por Pinochet, o Chile escapou de ser uma Venezuela.

A situação do governo de Piñera é hoje pior do que a do governo de Maduro.

O único governante tranquilo no mundo, sem ameaça de revoltas, é Bolsonaro. O que faz uma alienação turbinada pela liberação do FGTS.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/