
POR RODRIGO VELOSO, mestrando em sociologia pela UFF
As diferenças entre o atual governo do Brasil e a chapa vencedora da última eleição argentina, no domingo (27), também estão nas respectivas famílias dos mandatários.
Enquanto, no Brasil, Carlos Bolsonaro, o Carluxo, tem a função no clã presidencial de espalhar fake news pelas redes sociais e conteúdo de extrema-direita contra as minorias, na Argentina, o filho do presidente-eleito, Estanislao Fernandéz, também conhecido como Dyhzy, faz shows de drag queen e apresentações como cosplayer em eventos privados. Ele também é ilustrador.
Os dois ocupam lugares praticamente antagônicos para filhos de presidentes das maiores economias do Mercosul.
No mês passado, Carlos criticou duramente o investimento em pesquisas sobre gênero e sexualidade no Brasil, e disse que o governo de seu pai investiria apenas no que é importante, em uma sinalização de que não considera relevantes conteúdos que possam diminuir preconceitos.
Já Estanislao, é ativista pelos direitos da comunidade LGBT e costuma criticar os políticos locais justamente por negligência com os temas de interesse da comunidade.
“Governo Bolsonaro investe em mais recursos para pesquisas de verdade e não aquelas padrões que ensinam como queimar a rosca sem sentir dor”, escreveu Carluxo, mês passado, no seu Twitter.

“Separação entre Igreja e Estado”, escreveu Estanislao, há 15 dias, também pelo Twitter.
Detalhe: Estanislao tem o apoio do pai, que já se disse orgulhoso do filho em entrevistas para imprensa.
Ao passo que Jair Bolsonaro é frequentemente citado em listas internacionais como um dos líderes mais homofóbicos da atualidade.
Resta saber qual das duas perspectivas familiares trará melhores resultados para suas populações. Se o ativismo à la Pavão Misterioso ou a militância queer. E, claro, se ambos estão felizes com relação a seus papais.
