A morte de Nilcéa Freire e a ascensão de Damares. Por Moisés Mendes

Atualizado em 29 de dezembro de 2019 às 8:45
Nilcéa Freire. Foto: Reprodução/YouTube

Publicado originalmente no blog do autor

Duas notícias, uma ao lado da outra, que reforçam o desalento de um Brasil exausto de ódio, ignorância e obscurantismo. Estão na capa da Folha online.

A primeira é sobre a agenda seletiva de Damares Alves, a ministra que transformou o gabinete num reduto de entra-e-sai de neopentecostais e representantes da extrema direita e de total desprezo por pedidos de audiência com líderes de movimentos sociais e de direitos humanos.

A outra notícia é a da morte de Nilcéa Freire, ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Lula.

Médica, professora e ex-reitora da Universidade Estadual do Rio, Nilcéa morreu aos 66 anos, de câncer, num momento em que o bolsonarismo destrói tudo o que ela ajudou a construir.

Morre uma feminista, defensora e implantadora de politicas públicas para as mulheres, pioneira na adoção das cotas nas universidades.

Uma militante das liberdades.

É ofensivo, mas ao mesmo tempo denunciador de realidade que não podemos esconder, que a notícia da sua morte esteja agora na capa da Folha ao lado de uma reportagem sobre o poder incontrolável do fundamentalismo político e religioso de Damares Alves.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/