Bruno Covas usa Lu Alckmin para isolar Doria na disputa pela prefeitura de SP. Por José Cássio

Atualizado em 5 de janeiro de 2020 às 13:18
Doria e Bruno: inimigos íntimos (Imagem: reprodução)

Se Rosângela, mulher de Sérgio Moro, virou coqueluche em Curitiba, em São Paulo a bola de vez é Lu Alckmin, ex-primeira dama do Estado e esposa de Geraldo Alckmin.

Em suas conversas com militantes tucanos após a quinta sessão de quimioterapia, quando voltou para casa mais disposto, Bruno Covas tem sinalizado que Lu seria a sua “vice dos sonhos” na tentativa de reeleição.

Defensor de chapa pura, o prefeito ri e dá a dica ao interlocutor.

– Tem de saber a opinião do Geraldo. Vai falando com ele, de repente dá certo.

Em um encontro recente no diretório municipal, o ex-governador aparentou ter gostado da ideia, sem dizer sim nem não.

Lu Alckmin tem boa lida especialmente com mulheres simples e seria cômodo a Bruno tê-la circulando pelos bairros durante a campanha, atividade que ela gosta e sabe fazer.

A ideia sinaliza também uma tentativa de isolar o governador João Doria das decisões.

O gestor já assoprou o nome de Joice Hasselmann como possível vice de Bruno, mas na real todo mundo sabe que o seu compromisso não é com a paranaense que caiu de paraquedas em São Paulo.

Quer usar a eleição municipal para trazer o DEM para uma possível coligação em 2022, quando pretende concorrer à presidência.

Assim, o vice que pretende indicar, e esconde a sete chaves, é Milton Leite, ex-presidente e mandachuva na câmara de vereadores.

Milton é dado como nome certo numa candidatura tucana, seja de Bruno ou outro nome, caso o prefeito não tenha condições físicas de ir para a disputa.

Por essa razão militantes sonham com Alckmin como plano B, caso a saúde de Bruno não melhore.

E é bem provável que essa seja a saída, por dois motivos: o PSDB tem horror de largar o osso da prefeitura – ‘não se brinca com R$ 280 bilhões’ é um bordão recorrente no partido em função desse valor representar a soma da arrecadação municipal ao longo de quatro anos – e sabe que se soltar o comando na mão de Doria ele passa o cambau e deixa todo mundo falando sozinho.

O ano está só começando e as cartas começam a ser distribuídas no jogo político.

Na capital do Paraná, a mulher de Sergio Moro virou objeto de desejo.

Em São Paulo, Lu Alckmin aparece como linha auxiliar para livrar o PSDB da ganância desmedida de Doria.

Se Bruno tiver saúde para ir para a disputa, a briga será controlar o ímpeto do gestor. Caso contrário, Alckmin certamente vai acabar indo para o sacrifício.

Jose Cassio
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo