O murro com luvas de veludo de Carolina Ferraz em Regina Duarte. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 31 de janeiro de 2020 às 22:51
Carolina Ferraz (reprodução Instagram)

Não satisfeita com a vergonha que vem passando ao apoiar o fascismo, agora Regina Duarte leva xépo (pito, em tradução livre para o paulistanês) de colegas de trabalho que fazem de tudo para não serem associados à namoradinha da ditadura (e é pra menos?)

Regina postou em suas redes sociais – sem autorização – uma foto ao lado de Carolina Ferraz, que prontamente enviou um áudio para a colega pedindo que a imagem fosse excluída.

“Não imaginei que você fosse colocar a minha foto, ou a foto de qualquer colega nosso, sem pedir autorização. (…) Dá a entender que eu apoio o governo Bolsonaro, e eu não apoio, Regina. Não votei no Bolsonaro, e eu achei muito indelicado de sua parte e gostaria que, com todo carinho, você por favor, pedisse que a sua equipe que retirasse a minha foto, tá bom? Por gentileza.”

Que classe, meus amigos, que classe! 

Embora visivelmente chateada, Carolina consegue falar com carinho, mas também com firmeza, talvez para que Regina se toque do quão mal vista tem sido em sua própria classe. 

Quem, em sã consciência, quer ser associada a um governo medíocre, fascista e que, como disse a própria Carolina, tanto persegue a classe artística? Só mesmo a namoradinha da ditadura – que prefere salvaguardar seus privilégios de ruralista e latifundiária a proteger a própria honra (mas que honra?) – e Dedé Santana, que já não tem mesmo nada a perder. 

Talvez – só talvez – Regina Duarte ainda não saiba o quão alto será o preço pago por apoiar o fascismo. Não apenas a história a condenará: em seu mitiê, qualquer um que tenha o mínimo respeito por si próprio e pelo próprio trabalho tratará de segregá-la, e com toda razão. 

Há pessoas, como Regina, para as quais o dinheiro é uma espécie de Deus: não importam a honra, os princípios, o respeito, os amigos. Para manter os próprios privilégios – e associar-se ao que, na verdade, sempre a representou – ela se sujeita a pitos como o de Carolina Ferraz, que certamente foi apenas o primeiro (alô, Zé de Abreu, expõe logo o passado da coleguinha!)

Quer apoiar fascista, dona Regina?

Que apoie, mas desça sozinha ao subsolo do fundo do poço, sem arrastar consigo o nome de seus colegas que, diferentes de você, respeitam a arte.

https://www.youtube.com/watch?v=PtvXfBHRSnc

https://www.instagram.com/p/B8AUPW5HQ9e/

Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.