
Depois de apagar as fotos ao lado de Aécio Neves e Joesley Batista, seus amigos no passado, Luciano Huck tem agora outra dor de cabeça: os registros do mergulho que fez na XP Investimentos, instituição financeira que tem nele e, de certa forma, em Deltan Dallagnol seus garotos-propaganda.
Luciano Huck é a estrela da campanha publicitária da empresa que tem o Itaú como sócio e lançou recentemente ações nos Estados Unidos, onde será investigada por fraude contábil e responder a processo movido por acionistas que se consideram lesados.
A consultoria de investimentos The Winkler Group aponta dados conflitantes entre o balanço da empresa e o prospecto divulgado na época do lançamento de ações.
Haveria uma diferença de R$ 44 milhões entre os ativos da corretora brasileira.
The Winkler Group contratou os escritórios de advocacia Block & Leviton e The Rosen Law Firm, especializados em fraudes, para investigar a XP Investimentos.
“Se você vier para a XP, garanto que não vai se arrepender”, diz Luciano Huck na peça publicitária veiculada na Globonews e em vídeo promocional.
Huck fez para a XP mais do que publicidade.
Em 2018, ele fez palestra no evento Expert XP 2018 — assim como Dallagnol.
Na época, a empresa divulgou em sua rede social:
“Fechando mais um dia histórico da #ExpertXP2018, Luciano Huck, Guilherme Benchimol (CEO da XP) e Gabriel Leal sobem ao palco para a última palestra do dia. Uma conversa sobre a trajetória da XP Investimentos e como esse movimento está mudando para sempre o jeito do brasileiro investir.”
Expert XP 2018 dá a dimensão de como a empresa investe em nomes famosos para alavancar sua imagem.
Também participaram Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, e Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil.
Em outro painel, estavam lá quatro procuradores da Lava Jato, juntamente com a jornalista da Globonews Natuza Nery.
Além de Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima e Roberson Pozzobon, participou Diogo Castor de Mattos, mais tarde afastado da Lava Jato pela descoberta de que havia patrocinado outdoor em Curitiba para promover a força-tarefa.
De todos estes, só Luciano Huck é conhecido pela prática de apagar fotos quando seus parceiros são flagrados em algum escândalo.
Mas os outros também têm motivo para constrangimento.
“Se você vier para a XP, garanto que não vai se arrepender”. Eles foram, mas para o lado de dentro do balcão.
Mesmo assim, talvez já estejam arrependidos.
Com 30 mil reais no bolso — o cachê médio de Dallagnol, o de Huck deve ser bem maior —, mas com a imagem grudada em uma empresa suspeita de lesar acionistas e que, de ontem para hoje, com a notícia de que será investigada, viu o valor de suas ações cair 13%.
Em nota, a XP minimizou o episódio. Disse que é comum nos Estados Unidos que companhias abertas sejam acionadas por escritórios de advocacia que visam ingressar com ações coletivas (class action) para tentar buscar acordos financeiros.
Ou seja, sugeriu que seria vítima de uma ação inescrupulosa de advogados.
Não foi assim que o mercado entendeu. Tanto que as ações da XP desceram para o menor valor de sua história, 30,9 dólares.
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Alguns registros do Expert XP 2018:



