Maria Cristina Frias, da Folha, acusa irmão Luis de operação ilegal

Atualizado em 9 de abril de 2020 às 0:01

Publicado no Jornal GGN

Maria Cristina Frias (esq.) acusa irmão Luis Frias de usar informações privilegiadas para receber ações antes de IPO da PagSeguro

A briga entre os irmãos Frias ganhou mais um capítulo: Maria Cristina Frias, ex-diretora de redação do jornal Folha de São Paulo, acusa seu irmão Luis Frias de usar informações privilegiadas e receber uma transferência de ações do UOL.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a operação apontada por Maria Cristina teria sido feita às vésperas da abertura de capital da PagSeguro, empresa de meio de pagamentos controlada pelo grupo.

A PagSeguro Digital realizou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Nova York em janeiro de 2018. Na ocasião, a empresa levantou cerca de US$ 2,27 bilhões, segundo informações compiladas pela Bloomberg, naquela que foi considerada a maior oferta para uma empresa brasileira desde que a BB Seguridade abriu capital na bolsa brasileira em 2011.

De acordo com a acusação de Maria Cristina, a transferência dos papéis foi feita no final de 2017, pouco antes do IPO. Nessa operação, Luis Frias recebeu 1.538.462 ações do UOL – equivalentes a 1,29% do capital da empresa. Os papéis foram entregues a ele pela FolhaPar, holding que controla o UOL (que responde pelo controle da PagSeguro).

Essa transferência representa o pagamento de um empréstimo fechado em 2011 – na ocasião, o UOL fechou seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo, e Luis Frias afirma ter emprestado R$ 30 milhões do próprio bolso à FolhaPar para completar a recompra de ações, e o pagamento poderia ser feito em dinheiro ou com a entrega das ações.

Contudo, Maria Cristina questiona o preço dos papéis considerado na operação, que seria  “muito abaixo do real”, e diz que a decisão de pagar o empréstimo seis anos depois seria “conveniente”, levando em conta a proximidade do IPO.

Além disso, Maria Cristina diz que a administração da FolhaPar detinha “informações privilegiadas, relacionadas às condições da abertura de capital da PagSeguro, tendo delas irregularmente se utilizado”. Ou seja, ela diz que seu irmão autorizou a transferência das ações a um preço baixo, sabendo que valeriam muito mais.

Tal procedimento teria prejudicado os acionistas da FolhaPar, principalmente a Empresa Folha da Manhã, que edita o jornal Folha de São Paulo – embora a companhia não tenha poder de voto na holding, ela possui participação de 33,2% no capital do grupo. Luis Frias é quem toma as decisões na FolhaPar, uma vez que ele detém 99,9% das ações ordinárias (com direito a voto) e uma fatia de 66,3% no capital total.