A demissão humilhante de Regina Duarte, aquela que vendeu a alma para virar o pum do palhaço Bolsonaro

Atualizado em 20 de maio de 2020 às 11:49
Regina Duarte e Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Correa/Presidência

Bolsonaro matou Regina Duarte — com anuência da própria, evidentemente.

A ex-atriz tentou de tudo para agradar o chefe.

Puxou-lhe o saco na campanha, fez discurso sobre o pum do palhaço, demitiu, readmitiu e mandou embora de novo funcionários.

Deu uma entrevista psicótica à CNN em que zombou de artistas mortos, elogiou a tortura, relativizou o coronavírus.

Tudo isso para quê?

Para ser defenestrada pelo tiozão fascista que abraçou.

“Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, afirmou o sujeito nas redes.

Não tem trabalho nenhum. Foram três meses de fiasco.

No filme “Mephisto”, clássico de István Szabó, um ator cai nas graças dos nazistas, vende a alma para o mal e passa a trabalhar para Hitler.

Numa cena ele (o grande Klaus Maria Brandauer) vai a Paris como porta-voz dos assuntos culturais do regime e encontra Juliette, sua ex, que lhe pede para desertar e junta-se à resistência.

Ele dá um sorriso e responde: “O que eu poderia fazer aqui? Liberdade? Para quê?” Em seguida entra no túnel do metrô.

Regina entrou no mesmo túnel para nunca mais voltar.

Do pum veio, ao pum voltará.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.