Queiroz, o operador da família Bolsonaro, já está na gaiola. Agora falta o passarinho cantar. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 18 de junho de 2020 às 20:18
Queiroz fechado com e por Bolsonaro

Fabrício de Queiroz chegou ao presídio de Benfica, como mostra a imagem acima. Ainda não há informação sobre a permanência dele nessa cadeia.

Benfica é a porta de entrada do sistema prisional no Rio de Janeiro.

Ele poderá ser transferido para outro presídio.

Como a prisão dele é preventiva, não há data para o término.

Operador da família Bolsonaro, que hoje ocupa cargos importantes no país, como a Presidência da República, ele é considerado poderoso.

Em tese, pode interferir no andamento das investigações.

Em casos assim, é normal que permaneça preso até a sentença judicial.

A mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, também teve a prisão decretada, e está foragida.

A chance de Queiroz recuperar a liberdade é se acertar uma delação premiada.

Queiroz estava escondido na casa de Frederick Wassef, em Atibaia, a 40 quilômetros de São Paulo.

Wassef é homem de confiança da família Bolsonaro.

A intimidade é tanta que o chefe do clã o chamaria, carinhosamente, de Anjo.

Por esta razão, a operação de hoje foi batizada esse apelido.

Wassef é um personagem controverso.

Em 1992, era chamado de bruxo e teve a prisão decretada por conta do assassinato de crianças em Guaratuba, no Paraná, atribuído à seita satânica Lus, da qual ele era divulgador, segundo a polícia apurou à época.

Curiosamente, em 1992, os policiais estiveram na mesma casa onde Queiroz foi escondido. Era para levar Wassef preso, mas ele não foi encontrado.

O caso foi registrado pelo Jornal do Brasil.

Wassef negou, em entrevista a Veja, que tenha sido alvo desse mandado. Porém, a notícia foi publicada no jornal.

A palavra de Wassef, no entanto, vale tanto quanto a de Jair Bolsonaro, notório mentiroso.

Em setembro, ao dar entrevista para Andrea Sadi, da Globonews, ele foi perguntado sobre o paradeiro de Queiroz.

“Não sei, não sou advogado dele”.

Segundo policiais civis que o prenderam hoje, Queiroz estava escondido lá há mais de um ano. Portanto, Wassef mentiu.

Dar abrigo a Queiroz não era crime até então, já que o operador da família Bolsonaro não tinha mandado de prisão contra ele.

Porém revela que Wassef e a família Bolsonaro queriam ter controle sobre ele. E, efetivamente, tinham.

Um policial que participou da operação Anjo chegou a comentar que Queiroz seria uma espécie de refém da família Bolsonaro.

Só o depoimento de Queiroz poderá confirmar se esta afirmação procede.

O fato é que, há poucos dias, a esposa de Fabrício postou na rede social que considerava o marido preso, mas com poder.

“Tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo”, escreveu.

Esta manifestação teria sido considerada para o decreto de prisão de Queiroz, pois revelaria ascendência sobre outros investigados.

A preventiva não tem data para terminar. A chance de recuperar a liberdade, ainda que provisória, está no acerto com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para uma delação premiada.

Com a delação, se poderá saber, realmente, por que depositou dinheiro até na conta da primeira-dama da república, Michelle Bolsonaro.

Na gíria policial, Queiroz pode ser chamado de passarinho. E já está na gaiola. Agora só falta cantar.

Jornal do Brasil noticiou que Wassef seria preso na investigação sobre seita satânica

 

Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com