Islamofobia

Atualizado em 13 de junho de 2013 às 16:23
A resposta à capa da revista Time é sim

A palavra é longa, feia na forma e no significado.

Mas ela explica, ela de certa forma define o mundo moderno: islamofobia. Islamofobia é a aversão que muita gente tem hoje pelo Islã ou, simplesmente, pelos muçulmanos.

Na Europa e nos Estados Unidos, é um fenômeno que já atingiu dimensões épicas. No Brasil, felizmente, não. E isso deve ser visto como uma bênção nacional.

Deve ser entendida à luz da islamofobia a ação do assassino em massa da Noruega, o neonazista loiro, alto, olhos azuis que se vestiu de policial, mandou garotos se juntarem para orientá-los e abriu fogo por uma hora e meia.

Na internet, o assassino dissera estar disposto a enfrentar a “ameaça” de dominação da Europa pelos muçulmanos. Não apenas muçulmanos, segundo ele. Muçulmanos “marxistas”, acrescentou. Os dedos que apertaram a metralhadora contra tantos jovens eram movidos, portanto, pela islamofobia.

Trata-se de uma praga relativamente nova.

A islamofobia se tornou um dado relevante da humanidade depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 contra os Estados Unidos, liderados pela Al-Qaeda de Osama bin Laden, o maior símbolo do extremismo islâmico. Era, primeiro, uma coisa basicamente americana. Depois, viajou para a Europa. Atentados da Al-Qaeda em Londres em julho de 2005 – explosões no metrô e num ônibus – ajudaram a disseminar a islamofobia entre os europeus.

Mesmo países tradicionalmente tolerantes em relação a raças e religiões vão sendo alcançados pela islamofobia. Na Dinamarca, charges de Maomé geraram uma confusão monumental, e acabaram por fazer crescer a islamofobia no país. Na Holanda, o assassinato de um descendente remoto de Van Gogh por um radical muçulmano fez a mesma coisa: semeou a islamofobia.

É comum que apareçam, de tempos em tempos, estatísticas de duvidosa precisão que afirmem que é tal o crescimento da população muçulmana que num espaço de tempo relativamente curto o islamismo vai dominar a Europa.

O radicalismo de grupos como a Al-Qaeda (“A Base”) é uma fonte de inspiração permanente para os islamofóbicos.

Mas de onde nasceu aquele radicalismo? Da política das potências ocidentais, ao longo de décadas sobre décadas, em relação ao mundo muçulmano. Mais especificamente, o Oriente Médio. Essa política poderia ser definida, sinteticamente, como predatória.

Tudo em nome do petróleo, basicamente.

Do choque de extremismos, surgiu o que um sociólogo chamou de “Confronto das Civilizações”. A tese dele era que, passada a Guerra Fria que opusera capitalismo e comunismo, apareceria, ou reapareceria, a era dos conflitos religiosos. Islamismo versus cristianismo, em linhas gerais.

O que fazer para desarmar os ânimos?

Um passo essencial é as potências ocidentais agirem de outra forma em relação ao Oriente Médio. É um trabalho complexo de reconstrução de imagem que levaria gerações para ter resultados consistentes. Mas sem ele é bomba contra bomba, sangue contra sangue, fundamentalismo contra fundamentalismo, e assim será.

O assassino da Noruega é fruto disso.