E de repente ficou claro para mim. Claríssimo, como diria o superlativo agregado de Dom Casmuro. Medvedev é Medvedev.
Alguém quer apostar que não?
Numa entrevista que ele concedeu à mídia russa, o argumento foi impecável, do ponto de vista de manutenção de um projeto, ou de um grupo, no poder: Putin, disse ele, é a pessoa mais popular da Rússia. Por que, então, ele não deveria ser o candidato nas próximas eleições presidenciais?
Lembremos: a constituição impedia uma terceira reeleição. Putin fez de Medveded o presidente, e para si próprio arrumou o cargo de primeiro ministro. Mas agora ele está desembaraçado.
Observe pelo lado prático. Quem os petistas vão desejar que seja o candidato em 2014? Uma incógnita como Dilma ou uma certeza como Lula?
Não é apenas um projeto nacional em jogo. São pequenos interesses pessoais também: quando o partido em que você milita está no poder, sua vida é bem mais fácil. Os governos, de esquerda, direita ou centro, têm muitos cargos e mamatas para distribuir.
Na Rússia, a estratégia de Putin só ficou clara agora. Medvedev pareceu ter vida própria até agora. Mas o fato é que ele apenas não tirou fotos de peito de fora como Putin, nem fez botox.
No Brasil, o exemplo russo ajuda a tornar as coisas claras bem mais cedo. Lulalá, de novo.