Americanos X Americanos

Atualizado em 13 de junho de 2013 às 15:31
Manifestante do OWS

Demorou.

Os americanos estão enfim protestando contra eles mesmos. Quer dizer: contra o governo e mais a plutocracia que manipula a Casa Branca. A inspiração vem dos protestos do mundo árabe.

O nome é sugestivo: Occupy Wall Street. Ocupar Wall Street. Ou apenas OWS.

O movimento surgiu num site canadense de esquerda chamado adbusters, e por razões óbvias conquistou muitos corações na sociedade americana. A crise econômica e mais uma extraordinária agressividade militarista do governo estão testando o limite da paciência dos americanos.

No final de semana, quando Obama comemorou a execução de mais um líder do Al-Qaeda, um clérigo nascido nos próprios Estados Unidos, Anwar al-Awlaki, milhares de integrantes do OWS foram reprimidos pela polícia de Nova York quando faziam seu protesto. Muitas prisões foram feitas.

É vital, para que o mundo se torne mesmo mais seguro, como levianamente falou Obama depois da morte de bin Laden, que a sociedade americana cobre energicamente uma mudança na atitude da Casa Branca, nos moldes do que aconteceu nos anos 1960. A Guerra do Vietnã começou a terminar ali.

Me chamou a atenção uma foto do OWS, tanto que a usei para ilustrar este texto. Uma mulher ergue um cartaz com uma frase de Goethe: “Ninguém é mais escravo do que aquele que ilusoriamente acredita ser livre”. O fato é que em nome da liberdade os Estados Unidos têm cometido horrores no mundo. Isso me remeteu a um dito de Einstein que estava ontem na Frase do Dia do DCM: “O mundo não vai destruído pelo mal, mas pelos que não fazem nada para combatê-lo”.

Obama foi uma falsa esperança de renovação. “Disseram a nós que Obama mudaria as coisas, mas na verdade o que estamos vendo é mais um mandato de Bush”, diz o ativista Phil Budenick, do OWS.

Enquanto isso, no Brasil …

Bem, uma amiga do Facebook postou uma matéria estrangeira que falava do OWS. E observou: “Paulo: vi todos os jornais brasileiros e não encontrei nada.”

Como dizia o diretor de redação Guzzo nas madrugadas de fechamento da Veja nos anos 1980, a quem apelar?